18/09/2021 às 19:17, atualizado em 19/09/2021 às 12:23

GDF já investiu R$ 7 mi na recuperação de canais de irrigação

Água para regar a produção agora chega para pequenos agricultores graças a esforços que resultaram na entrega de 33 km de novas tubulações

Por GIZELLA RODRIGUES, da Agência Brasília | eDIÇÃO: sAULO mORENO

A época de seca era um martírio para os produtores do Núcleo Rural Vargem Bonita, no Park Way. Sem chuvas, eles não tinham água para molhar as plantações. Jucilene Dantas Lima, 41 anos, que vive da venda das hortaliças e verduras que planta, se recorda bem desse período. “Teve um ano que perdi praticamente toda minha produção”, conta. “O canal era muito antigo, as manilhas estavam quebradas, a água vazava e não chegava para as chácaras da Rua 3”, explica.

O canal do Núcleo Rural de Tabatinga, com oito quilômetros tubulados e que vai beneficiar 36 propriedades rurais, aumentou em 120 hectares a área irrigada da região| Foto: Acácio Pinheiro/Agência Brasília

Já o canal do Rodeador, na região do Incra-06, em Brazlândia, está previsto para ser entregue em 2022. A obra deve ser iniciada em janeiro. O canal tem 32 quilômetros de extensão, beneficia mais de 100 produtores rurais e é um dos principais do DF. A maior obra de irrigação da capital será dividida em etapas e vai começar pelo ramal mais significativo do sistema, de 6,4 quilômetros. A nova tubulação vai acabar com desperdícios e permitir captação de 150 litros por segundo, suficiente para abastecer uma cidade de 100 mil habitantes.

“Nesta gestão, os três principais canais de irrigação, os com maior volume, Santos Dumont, Vargem Bonita e Rodeador, passaram ou vão passar por intervenções. Dois já foram entregues e estamos nos preparando para começar o Rodeador”, afirma o secretário de Agricultura.

Na semana passada, o GDF entregou a terceira e última etapa das obras do canal de irrigação do Núcleo Rural de Tabatinga, em Planaltina-DF. Ao todo, foram tubulados oito quilômetros do canal, o que irá beneficiar 36 propriedades rurais. A renovação da estrutura proporcionou o aumento de 120 hectares de área irrigada na região.

Está em obras o canal do Núcleo Rural Córrego da Coruja, em Ceilândia. Em breve, os 48 produtores da região vão trocar a captação improvisada de água do riacho pelo abastecimento por um canal tubulado de mais de 5 km de extensão. O canal foi projetado para uma vazão de 50 mil litros de água por dia para cada propriedade.

Esforço conjunto

A recuperação dos canais de irrigação é um esforço da Seagri, da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa); Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/DF); Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) e dos próprios produtores rurais que servem de mão de obra e colocam a mão na massa nas obras. O levantamento topográfico dos canais também é realizado pela Emater-DF.

No caso do canal de irrigação do Santos Dumont, a parceria envolveu o Comitê da Bacia Hidrográfica do Paranaíba, que destinou R$ 1,8 milhão arrecadado pela cobrança do uso dos recursos hídricos. No Rodeador, foi feita uma parceria do GDF com a Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), que garantiu aporte de R$ 7 milhões para a primeira fase das obras. Recursos do próprio GDF e de emendas parlamentares também financiam o investimento.

A Emater-DF, empresa que auxilia os produtores rurais com produção e comercialização, ajuda no trabalho de revitalização em todas as fases, desde a mobilização das comunidades no engajamento das ações, até na elaboração dos projetos e acompanhamento da execução das obras.

A empresa ressalta que, ao construir sistemas mais eficientes e sustentáveis de gestão da água, a recuperação dos canais de irrigação aumenta a produção agropecuária. Em algumas regiões, a área de produção deve ser ampliada em até 100 hectares com a chegada de água.

Para a presidente da Emater-DF, Denise Fonseca, essa união de esforços mostra que o trabalho anda quando tem o envolvimento de todos. Além disso, segundo ela, a revitalização traz benefícios para todo o DF.

“A água é o insumo primordial para a agricultura. Com essas revitalizações, além da agricultura, ganha a cidade, que tem sua demanda de água aumentada com a economia do campo. E também ganha com a oferta de alimentos de qualidade produzidos por pequenos produtores da nossa região”, afirma.