14/12/2021 às 14:30

Hospital Dia agora se chama Centro Especializado em Doenças Infecciosas

Unidade de saúde é referência no tratamento do HIV/Aids e existe desde 1959

Por Agência Brasília* | Edição: Renata Lu

No mês da campanha pela prevenção e tratamento do HIV/Aids, o espaço de acolhimento para as pessoas com a infecção no Distrito Federal desde a década de 80 passa a se chamar Centro Especializado em Doenças Infecciosas (Cedin). O local já foi um centro de saúde (antiga nomenclatura para as atuais UBSs), unidade mista e hospital. Agora, a unidade se firma como referência no tratamento de agravos como HIV, hepatites virais crônicas e as formas graves de tuberculose e hanseníase.

Denise Arakaki Sanchez, gerente do Cedin, lembra que o centro é o primeiro local no DF a prestar assistência, aconselhamento e todo o tratamento hormonal para quem deseja mudar de sexo | Foto: Breno Esaki/Agência Saúde

Histórico

Fundado em 1959 para tratar casos de tuberculose e hanseníase, principalmente entre os trabalhadores que construíam Brasília, em 1981 se tornou o “Centro de Saúde nº 1”, seguindo a política pública da época. Nesse período, atuou com programas de saúde para toda a população, incluindo vacinação.

Por causa da epidemia de HIV, na década de 90, o centro atendia pacientes portadores do vírus que recebiam medicação endovenosa, principalmente por causa de infecções oportunistas. “Chegavam de manhã, tomavam várias doses ao longo do dia, se alimentavam aqui e à noite iam embora”, explica Denise. Por isso, em 1997, o local passou a se chamar Hospital Dia, em referência ao tratamento diurno oferecido aos pacientes.

A designação, porém, não refletia a totalidade do atendimento prestado.

De acordo com a gerente do Cedin, esse público específico atendido pelo estabelecimento de saúde enfrentava muito preconceito e, às vezes, nem a família os apoiava. O local, então, significava acolhimento para quem enfrentava a Aids. “Era um momento em que esse paciente era bem recebido pelos profissionais e encontrava outras pessoas na mesma situação”, lembra Denise.

Em 2001, com o avanço do tratamento do HIV/Aids, a internação durante o dia praticamente deixa de acontecer. Assim, o local passa por uma nova mudança: virou unidade mista de saúde, ou seja, passou a oferecer serviços básicos de saúde e continuou sendo referência no atendimento às doenças infecciosas.

Atualmente, o Ambulatório Trans tem 250 usuários inscritos e mais 400 na fila para atendimentoesquerda

O Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) foi agregado ao Hospital Dia em 2014, aumentando a carta de serviços. O CTA fica na Rodoviária do Plano Piloto e oferece testes rápidos para HIV, sífilis e hepatite e orientações para casos positivos e prevenção. Em 2017, foi criado o Ambulatório de Diversidade de Gênero, e, em 2018, inaugurado o Ambulatório PreP, onde é oferecida a profilaxia pré-exposição ao HIV.

“Fomos aumentando nossa oferta de serviços, mas, nas duas últimas décadas, dá para perceber que fomos nos especializando no cuidado às pessoas com HIV”, afirma Denise. Além disso, o estabelecimento de saúde continua sendo referência no tratamento de hepatites virais crônicas (tipos B e C), de tuberculose (tuberculose de difícil diagnóstico, tuberculose extrapulmonar e as formas da doença resistentes aos medicamentos comuns) e de hanseníase (principalmente para as formas mais graves da doença).

Ambulatório Trans

O Ambulatório de Diversidade de Gênero fica no segundo andar do prédio, onde, antigamente, os pacientes com HIV ficavam internados recebendo medicação durante o dia. A equipe também é multidisciplinar e conta com médicos endocrinologistas, urologistas e dermatologistas, além de psicólogos e fonoaudiólogos, que atuam em todas as fases da redesignação sexual dos pacientes.

O local é o primeiro a prestar esse tipo de assistência no Distrito Federal e oferece aconselhamento e todo o tratamento hormonal para quem deseja mudar de sexo. “O primeiro passo é garantir, para as pessoas que não se identificam com o corpo em que nasceram, um espaço para serem acolhidas, mesmo que, logo de cara, não queiram fazer a redesignação”, explica a gerente do Cedin. Atualmente, o Ambulatório Trans tem 250 usuários inscritos e mais 400 na fila para atendimento.

Caso, após o trabalho de orientação pelos profissionais, o paciente opte pela mudança, todo o processo de redesignação é feito pela equipe do Ambulatório Trans. Apenas o que não está incluído nos serviços são as cirurgias, como a mamoplastia masculinizadora.

*Com informações da Secretaria de Saúde