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12/04/2022 às 16:00, atualizado em 13/04/2022 às 08:13
A multiplicidade da fé na cidade é resultado das diferentes culturas abrigadas desde antes da inauguração e pode ser conferida na Rota da Paz
Em 30 de agosto de 1883, Dom Bosco profetizou o surgimento de uma terra prometida exatamente onde Brasília foi construída anos depois, entre os paralelos 15 e 20. O sonho do sacerdote foi a primeira indicação de que a capital se tornaria uma cidade de fé ecumênica.
Pastor de um dos templos mais tradicionais da cidade, a Igreja Batista Central de Brasília (IBCB), Ricardo Espindola avalia que a força da espiritualidade na capital tem a ver com o fato de ser o centro do país. “Há um apelo muito grande quando a gente pensa que estamos no coração do país. Acho que Brasília tem um peso que não é só na condução política e econômica, mas acima de tudo, espiritual”, comenta.
A IBCB nasceu sete anos após a inauguração da cidade, com uma congregação pequena no Núcleo Bandeirante criada pelo então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Antônio Vilas Boas. Depois foi transferida para a 603 Sul, comandada pelo pastor Vilarindo Lima. De um barracão com 17 pessoas, hoje a igreja abriga cinco mil fiéis conduzidos pelo neto de Vilarindo, o pastor Ricardo Espindola.
Com a fundação do Templo da Boa Vontade, na 915 Sul, em 21 de outubro de 1989, Brasília passou a ser reconhecida também pelo ecumenismo, por ser um espaço que acolhe visitantes de todo o mundo independentemente, da fé de cada um deles.
“Nosso templo é conhecido como um espaço de paz que abraça a diversidade de crenças e também de quem não tem religião, mas acredita no bem. O templo está em sintonia com essa atmosfera mística e universal da capital”, analisa a ministra do Templo da Boa Vontade, Marina Kriger.
O local celebra o amor, a caridade e a solidariedade, por meio de preces ecumênicas, meditação e atividades desenvolvidas em áreas específicas, como a nave da caminhada, em que o visitante percorre um trecho para purificação embaixo do Cristal Sagrado – a maior pedra de cristal puro do mundo, com aproximadamente 21 kg. O templo é considerado o monumento mais visitado de Brasília, segundo a Secretaria de Turismo.
A pasta, inclusive, celebra a espiritualidade de Brasília por meio da Rota da Paz, um circuito que apresenta a “Capital da Esperança” com 12 pontos turísticos representativos do tema que celebram diferentes crenças.
O budismo também é uma das religiões que marcam presença na capital, pelo famoso Templo Shin Budista Terra Pura, na 315/316 Sul, que teve a sua criação solicitada diretamente a Juscelino Kubitschek em 1958 pela comunidade budista nipo-brasileira. Cinco anos após o pedido, a Novacap permitiu a construção do prédio. A pedra fundamental foi lançada em 1964, enquanto a inauguração ocorreu em 1973.
Também é possível encontrar na capital federal representantes do islamismo, da umbanda, do candomblé, do espiritismo e de tantas outras formas de fé. A Rota da Paz destaca locais como o Vale do Amanhecer, em Planaltina, fundado em 1969 e que tem como principal característica o sincretismo religioso na Doutrina do Amanhecer; a Mesquita do Centro Islâmico, construída em 1990 na 912 Norte, e a Praça dos Orixás, no Setor de Clubes Sul, que desde 2018 é considerada patrimônio imaterial do DF celebrando as práticas religiosas de matriz africana.
Conheça todos os pontos religiosos da Rota da Paz no tour virtual da Setur.