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16/04/2022 às 16:16, atualizado em 16/04/2022 às 20:14
Atores, populares, religiosos falam da experiência de renovação cristã na maior festa do gênero do DF
Um espetáculo de união, arte e fé. Após dois longos anos de espera, finalmente milhares de cristãos puderam renovar votos de esperança, paz e amor com a volta da realização presencial da Via Sacra no Morro da Capelinha, nesta sexta-feira (15), em Planaltina. Sentimentos mais do que auspiciosos, depois de tempos difíceis enfrentados com a chegada inesperada da pandemia.
O momento agora era de reflexão e de celebração da vida, a exemplo de Cristo renascido. E, ninguém melhor para descrever a emoção de reviver essa história milenar de morte e ressurreição do que o próprio Jesus, interpretado por Marcelo Augusto Ramos.
Fé que move montanhas
A fé move montanhas e o povo de Deus, que subiu o Morro da Capelinha em devoção compungida. Dezenas, milhares de pessoas em uma volumosa “procissão se arrastando pelo chão que nem cobra pelo chão, acreditando nas coisas lá do céu”, já cantava Gilberto Gil. Era como se fosse um corpo só.
“É uma grande renovação de fé nos corações dos fiéis. A Via Sacra mexe com o mais profundo do nosso ser. É a capacidade que a arte tem, que a encenação tem de tocar o coração das pessoas, de fazer com que elas se emocionem e revivam aquilo que aconteceu há 2 mil anos”Dom Paulo César, Arcebispo de Brasíliadireita
A emoção começou a tomar conta do lugar pouco depois das 16h, com o público se aglomerado no primeiro ato, vendo Cristo encarcerado tal um cordeiro prestes a seguir para o matadouro. Uma jovem registrou o momento do cárcere: “Tadinho, vão judiar dele demais!”, comenta em voz alta, sem esconder a aflição.
Apesar de ser um roteiro conhecido por todos há séculos, os fiéis não se cansam de ouvir a história. A mais bela da humanidade, passada de geração em geração e que reúne ingredientes como morte e ressurreição, dor e redenção, amor e paixão. “Nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos; foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso”, ensina a oração do Credo.
“É uma história que encanta pessoas há séculos, vai ser bom para enriquecer os conhecimentos dela e fazer crescer a fé”Lucas Ferreira de Lima, analista de sistemas, que levou a filha Ana Julia, 9 anos, para acompanhar a Via Sacraesquerda
Com a filha Ana Julia, de 9 anos, nos ombros, o analista de sistemas Lucas Ferreira de Lima, 40 anos, acompanhava cada um dos atos da Paixão de Cristo com devoção. Disse que fez questão de trazer a filha para o evento religioso por conta de dois aspectos: pela beleza milenar da história em si, que atravessa eras, dinastias e tempos infinitos, e também pela questão cultural. “Recentemente ela fez um trabalho na escola sobre os pontos turísticos da cidade e teve que pesquisar sobre a Pedra Fundamental e a Via Sacra”, revela o pai. “É uma história que encanta pessoas há séculos, vai ser bom para enriquecer os conhecimentos dela e fazer crescer a fé”, garante.
Uma senhora, tomada de emoção convulsiva, tal qual Moisés abrindo o Mar Vermelho, ia rasgando a multidão como um celular na mão e gritando. “Pelo amor de Jesus Cristo, me deixe tirar uma foto de Cristo!”, alardeava ela, que fez o registro e saiu com a alma lavada. Literalmente, porque logo uma chuva branda caiu no crepúsculo do dia, banhando a multidão.
“A Via Sacra é um momento bonito de união, de arte e de fé. Muito feliz de ver a fé do nosso povo, de ver o sentimento religioso do nosso povo que vem aqui para reviver todo o processo de Jesus Cristo com sua morte e ressurreição”, destacou o arcebispo de Brasília, Dom Paulo César, em visita ao local pela primeira vez. “É uma grande renovação de fé nos corações dos fiéis. A Via Sacra mexe com o mais profundo do nosso ser. É a capacidade que a arte tem, que a encenação tem de tocar o coração das pessoas, de fazer com que elas se emocionem e revivam aquilo que aconteceu há 2 mil anos”, resume.