19/04/2022 às 19:51

Catetinho reabre nos 62 anos de Brasília

Foram investidos quase R$ 400 mil na manutenção do “Palácio de Tábuas”. Toda estrutura foi restaurada para receber turistas e estudantes

Por Agência Brasília* | Edição: Saulo Moreno

O Catetinho completa 66 anos no dia 10 de novembro e já está de roupa nova para a ocasião. Primeira residência oficial de Juscelino Kubitschek na construção da capital, o museu reabre para comemorar os 62 anos de Brasília, depois de dois anos fechado. A Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) investiu R$ 396,6 mil da manutenção do telhado ao piso de cimento da estrutura arquitetônica com pilotis, desenhada por Oscar Niemeyer, em 1956.

Os cuidados com a estrutura do “Palácio de Tábuas”  incluíram o piso de cimento do pilotis, que foi recomposto. As vigas e pilastras ganharam verniz novo

A gerente do Catetinho, Artani Grangeiro, que acompanhou o movimento de trabalhadores em turnos de 9h às 17h, não esconde a ansiedade de ver o museu repleto de turistas, moradores do DF e estudantes. Em 2019, o espaço havia recebido quase 45 mil visitantes – 40% de estudantes, 23% do DF, 36% de outros estados e 1% do exterior. “Não vejo a hora de ter os ônibus escolares aqui de novo”, aponta.

O Catetinho está plantado numa espécie de santuário ecológico, na Área de Proteção Ambiental das Bacias do Gama e Cabeça de Veado e na Área de Proteção de Mananciais Catetinho. A beleza que cerca o local e inspirou Tom Jobim e Vinícius de Morais a compor Água de beber (1960) – quando deram com um olho d’água local durante estada a convite de JK para que compusessem Sinfonia da Alvorada (mesmo ano) – também guarda ameaças ao patrimônio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1959. Cupins, brocas e outros insetos xilófagos (que se alimentam de madeira) encontram no Palácio de Tábuas um convidativo repasto. Esse ambiente obrigou a Gerência de Conservação e Restauro a recorrer a tintas com alta resistência às ações climáticas e que contêm fórmula fungicida moderna e de efeito prolongado, além de resinas que repelem água e evitam o empenamento da madeira.

Marco da construção

“O Palácio de Tábuas serviu como base para o ‘modernismo candango’, sendo modelo para edificações temporárias e definitivas erguidas na capital com características semelhantes, a exemplo do Brasília Palace Hotel e dos prédios residenciais nas superquadras”Maritza Dantas, arquiteta e urbanistadireita

Subsecretário do Patrimônio Cultural da Secec, Aquiles Brayner destaca que o Catetinho é marco fundamental na construção de Brasília. “A sua elaboração rústica de madeira, origem do termo ‘Palácio de Tábuas’, referência à sua função de residência presidencial, representa um marco arquitetônico na identidade moderna dos prédios de Brasília, os famosos pilotis, nos oferecendo a sensação de leveza e suspensão no ar.”

“O Palácio de Tábuas serviu como base para o ‘modernismo candango’, sendo modelo para edificações temporárias e definitivas erguidas na capital com características semelhantes, a exemplo do Brasília Palace Hotel e dos prédios residenciais nas superquadras”, reforça a arquiteta e urbanista Maritza Dantas na tese Brasília, Patrimônio Moderno em Madeira.

“O Catetinho incorpora, justamente, essa particularidade do movimento modernista brasileiro, o que está evidenciado no seu volume alongado, elevado sobre pilotis, mas elaborado em madeira, como os vernaculares (habitações que usavam materiais locais) uma vez foram erigidos”, ensina a arquiteta.

Segurança sanitária

Durante os períodos de liberação de espaços públicos ao longo da pandemia da covid-19, o Museu Catetinho não pôde ser reaberto porque não atendia às regras dos decretos, como o distanciamento e a sanitização. Dois anos depois do início da emergência sanitária, o cenário de vacinação e novas orientações de segurança facilitaram a reabertura. “Hoje, temos a orientação da Fundação Oswaldo Cruz/Fiocruz de que a limpeza com água e sabão é muito eficaz, diferentemente do que se sabia antes, quando apenas álcool ou cloro ativo eram recomendados”, observa Artani Grangeiro.

Os espaços de exposição, por exemplo, estão sinalizados para que os visitantes não toquem nas superfícies, o que é praxe nos museus históricos. Há ainda dispositivos para desinfecção das mãos com álcool.

*Com informações da Secec-DF