03/11/2022 às 09:30, atualizado em 03/11/2022 às 12:34

Aos 66 anos, Candangolândia se moderniza sem perder sua história

A 13 km do Plano Piloto, cidade que surgiu para alojar os primeiros operários da capital é a 19ª região administrativa do DF; investimentos do governo desde 2019 na área são de pelo menos R$ 10 milhões

Por Hédio Ferreira Júnior, da Agência Brasília | Edição: Claudio Fernandes

O ano era o de 1956. Brasília se preparava para sair dos croquis de Lucio Costa e, em meio ao cerrado, virar a nova capital do Brasil. Ali, de onde as primeiras máquinas partiram e onde estava a fábrica dos tijolos usados para erguer os prédios monumentais de Oscar Niemeyer na Esplanada dos Ministérios, nascia também um vilarejo. Era a então Cidade Livre, hoje Candangolândia, abrigo dos acampamentos dos candangos – nome pelo qual são conhecidos os operários que atuaram na construção da cidade.

Arte: Agência Brasília

Nesses 46 meses, as cinco escolas públicas da Candangolândia foram reformadas, com obras que vão desde a pintura de paredes a trocas de piso e manutenção do sistema elétrico. A reforma se estendeu à Biblioteca Pública –  onde atualmente se encontra o cofre usado pelo então presidente Juscelino Kubitschek para guardar o dinheiro pago aos operários da construção de Brasília – e à Feira Permanente, que, com boxes renovados, proporciona conforto aos trabalhadores e a quem consome por lá.

A quadra poliesportiva coberta da Praça do Bosque teve alambrados, piso e equipamentos substituídos

A entrada sul da cidade – em frente à passarela de pedestres da Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia) – também passou por obras que incluíram o primeiro ponto de táxi do Distrito Federal. O espaço atendia comerciantes e autoridades e servia de base para levar e buscar pessoas no antigo Aeroporto Vera Cruz.

Morador da Candangolândia, o taxista Armando Araújo diz que a cidade é “bem-estruturada, muito melhor do que era antes”

Perto de tudo

No primeiro ponto de táxi de Brasília, totalmente reformado pelo GDF, Armando Araújo, 63 anos, descansava enquanto aguardava passageiros para a próxima corrida. Taxista desde 2017, ele é também morador da Candangolândia, região onde viveu entre 1988 e 1992 e para onde voltou em 2013.

Casado e com quatro filhos, dois deles criados na cidade, o maranhense, por muitos anos, viveu do garimpo no norte do país, até que, a caminho de São Paulo, conheceu a Candangolândia e se encantou com o estilo de vida na região. “Aqui é bem perto e fácil de se deslocar para muitos lugares, com uma variedade enorme de linhas de ônibus, inclusive; é uma cidade bem-estruturada, muito melhor do que era antes”, garante.

Quem também gosta de viver na Candangolândia é a costureira Ivana Carvalho, 58. Sentada enquanto costurava em seu ateliê na Feira Permanente, ela diz ter chegado à cidade quando a filha tinha apenas 1 ano – a menina hoje já tem 27. “É uma cidade pequena, perto de tudo; e,  pelo tamanho, acho mais seguro e cômodo de morar [aqui]”, conclui.

Aos 66 anos, Candangolândia se moderniza sem perder sua história