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30/01/2023 às 07:58
Homenagem ao documentarista será realizada nesta terça-feira (31), no Cine Brasília, com entrada franca
São 88 anos de vida, mais da metade deles dedicados ao cinema, enfim, à enigmática arte de contar histórias por meio da lente das câmeras, sempre ouvindo pessoas e projetando sonhos. Com 16 obras no currículo e um vasto sentimento do mundo nas costas – como diria o poeta Carlos Drummond de Andrade -, o mestre Vladimir Carvalho dispensa apresentações.
“O filme resgata a importância do Vladimir como maior cineasta documentarista vivo, juntando suas experiências de vida com sua obra, que é tão radical”Maria Maia, diretora do documentáriodireita
Para celebrar a data e exaltar o homem e seus feitos, na arte e na vida, será exibido nesta terça-feira (31), no Cine Brasília, às 18h30, o filme-homenagem O Cinema Segundo Vladimir Carvalho. A entrada é gratuita. O título do longa dirigido por Maria Maia é um trocadilho afetuoso com um dos trabalhos mais célebres do documentarista, O Evangelho Segundo Teotônio (1984).
Uma produção da TV Senado, o projeto conta com depoimentos de Gilberto Gil, dos cineastas Orlando Senna, Dácia Ibiapina, Sérgio Moriconi e Walter Carvalho – irmão de Vladimir -, entre outros.
Ex-aluno de Vladimir Carvalho na Universidade de Brasília, o jornalista e crítico literário Sérgio Moriconi, responsável pela programação do Cine Brasília, destaca que o diretor paraibano de alma brasiliense é um dos precursores do Cinema Novo, uma das mais importantes correntes cinematográficas do mundo. Como professor da UnB, Vladimir Carvalho é responsável pela formação da primeira geração de cineastas da cidade.
“O Vladimir formou toda uma geração de cineastas criados na cidade, mestre da primeira geração de cineastas de Brasília”, lembra Moriconi. “O Vladimir é o nosso cineasta de referência, é um pioneiro e uma das sementes da cinematografia documental do Brasil, do Centro-Oeste e do DF”, avalia.
Paraibano de Itabaiana, Vladimir Carvalho aprendeu a gostar de cultura, cinema e artes em geral por influência do pai, Luiz Martins. Como morava numa cidade que ficava num entroncamento ferroviário, era aquele garoto que esperava ansioso a chegada do trem com os filmes que seriam exibidos no cinema da cidade.
A primeira experiência cinematográfica foi como corroteirista e assistente de direção de Linduarte Noronha no curta Aruanda (1960), marco do cinema regionalista brasileiro. Na sequência, em 1967, dirigiria A Bolandeira, obra referência para o movimento cinemanovista.
Em Brasília, o primeiro trabalho seria o contundente documentário Vestibular 70, obra que registra a rotina dos estudantes durante a realização das provas para ingressar na UnB. O curta foi dirigido a quatro mãos com Fernando Duarte, falecido na última terça-feira (24).
É diretor de grandes clássicos do gênero do cinema verdade, como O Homem de Areia (1982), Conterrâneos Velhos de Guerra (2001), Barra 68 (2000) e o marcante O País de São Saruê (1971), proibido de ser exibido na edição daquele ano do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O episódio culminaria com a proibição da realização do evento por três anos, só retornando em 1975.
Ao projetar os olhos no retrovisor do tempo, faz um modesto balanço de sua trajetória singular marcada por um cinema social impactante e terno. “Falar de si mesmo é mais condenável que falar dos outros”, brinca. “Mas gosto dos meus filmes, sinto-me com o dever cumprido”, resume.
Serviço
Documentário O Cinema Segundo Vladimir Carvalho
→ Local: Cine Brasília
→ Data: terça-feira (31)
→ Horário: 18h30
→ Entrada franca