11/04/2023 às 20:16, atualizado em 11/04/2023 às 20:35

Centro de Dança recebe residência internacional

Bailarinos do DF terão oficina com coreógrafo moçambicano. Desdobramento do evento, realizado com fomento do FAC, levará a dança a escolas públicas

Por Agência Brasília* | Edição: Vinicius Nader

A segunda etapa da edição especial do Movimento Internacional de Dança (MID) começa no dia 17 de abril. O projeto retomou as atividades presenciais no ano passado. Uma das ações mais aguardadas por bailarinos – a residência artística em dança contemporânea com o coreógrafo moçambicano em atividade na Europa, Idio Chichava – recebeu 68 inscrições. Duas outras iniciativas vão compor o desdobramento do evento, realizado com fomento do Fundo de Apoio à Cultura (FAC): levar a dança a escolas públicas e produzir registros orais com coreógrafos.

“O número de inscritos superou as expectativas. A oficina de Idio despertou muito interesse”, comenta o diretor-geral do evento, Sérgio Bacelar. A análise de portfólios selecionou 20 bailarinos, cujos nomes foram divulgados nessa segunda-feira (10), e cada um deles terá uma ajuda de custo de R$ 800. A residência ocorrerá em três salas do Centro de Dança, equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec), entre 17 e 28 de abril, sem detrimento das outras atividades que ocorrem no local.

O MID foi contemplado no edital Brasília Multicultural II de 2021 do FAC, com apoio no valor de R$ 1.498.475, com a previsão de geração de 139 empregos diretos e 417 indiretos.

Residência artística

“Vamos oferecer aos dançarinos, bailarinos e coreógrafos do Distrito Federal a vanguarda da arte negra que é produzida através da dança. Idio Chichava atua em várias partes do mundo, tendo sólido vínculo na Europa e em outros continentes”, explica Bacelar.

Já na capital federal para dar a residência, o moçambicano ainda não atuou profissionalmente com os artistas de Brasília. “Estou realmente aberto e gostaria de criar pontes com os coreógrafos e pensadores locais da dança”, afirma o diretor artístico da Companhia de Dança Converge+, que promove intercâmbios e formação gratuita em comunidades rurais, com apresentações da arte em espaços públicos de Moçambique.

“Estou realmente aberto e gostaria de criar pontes com os coreógrafos e pensadores locais da dança”Idio Chichavaesquerda

O programa da residência promovido pelo MID promete exigir resistência do bailarino ao trabalhar os apoios e a comunicação entre os diversos níveis (chão, médio e salto) e na relação entre corpos e espaço. Destaca também os exercícios práticos de improvisação, composição e performance, por meio de abordagem energética da dança tradicional moçambicana com enfoque no movimento e na presença.

“Primeiro de tudo, temos de criar um espaço de partilha da minha experiência e da experiência dos artistas locais como principal vocabulário para podermos nos expressar”, propõe o artista africano. Ele explica que o trabalho aborda as relações “eu e fora”, “eu e o outro”, explora a energia do movimento, a fisicalidade ao limite, tirando os participantes de eventuais zonas de conforto.

Cápsulas de memória

Fabgirl considera “crucial” a troca promovida pelo MID | Foto: Enna Costa/ Divulgação

“Penso que seja crucial ter um registro de memória da dança para que possa ser preservada e transmitida para as gerações futuras. Isso permite que as pessoas aprendam sobre a dança e suas origens, seus locais importantes, as experiências de aprendizagem e superação, além de preservar a diversidade cultural. Ao documentar essas danças e suas histórias, é possível garantir que essas tradições não se percam”, emenda Fabiana Balduína (FaBGirl), de Planaltina, pesquisadora, coreógrafa e professora de breakdance desde 2002.

Ação nas escolas

Ainda como parte do MID, a dança vai visitar escolas públicas em 25 regiões administrativas do DF entre abril e maio. Ana Luiza Sales, 27 anos, professora com licenciatura em dança, pedagoga e instrutora de ioga, entusiasma-se com a iniciativa.

Ela ensina dança e artes para alunos do ensino fundamental e médio, com passagens pela Escola Parque da 308 Sul e CEF 1. Atualmente, Ana Luiza atua no Centro de Ensino do Lago, onde dá oficinas de ioga e práticas corporais para os estudantes do ensino médio.

“Acredito que ensinar conhecimentos corporais de movimento e expressividade é fundamental para a formação integral do ser humano. Levar esses conhecimentos para dentro da cultura escolar é necessário para gerarmos indivíduos preocupados com o autocuidado e o autoconhecimento. Minhas experiências como professora de dança na rede pública sempre foram excelentes”, avalia.

A professora afirma que os estudantes, em geral, têm curtido as aulas de movimento. “Consegui tornar as práticas interessantes para eles. O segredo é somar os conhecimentos que já têm com os apresentados nas aulas e pesquisas”, relata. Uma bela aposta em favor da cultura de paz nas escolas.

Conexão África

Aproveitando a passagem pelo DF, Idio Chichava também participará de outra ação com apoio do FAC. De hoje (11) a 29 de abril, no Instituto Garatuja de Dança e Cidadania, em São Sebastião, ocorre o Conexão África, projeto de oficinas de danças afro, contemporâneas, ministradas pelo moçambicano e por dançarinos da Companhia Corpos Entre Mundos.

Para o projeto, foram selecionados 20 jovens, que receberão ajuda de custo de R$ 250. O Conexão protagoniza ações socioeducativas de formação e, ao todo, 60 jovens do Varjão, Itapoã e São Sebastião tiveram 54 horas de práticas que incluem dança. O projeto foi escolhido no edital FAC Brasília Multicultural I de 2021, com recursos de R$ 120 mil, prevendo a geração de 19 empregos diretos e 57 indiretos.

*Com informações da Secretaria de Cultura do DF