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18/07/2016 às 20:26, atualizado em 06/12/2016 às 19:41
Até outubro, cerca de 70 mulheres em situação de vulnerabilidade social aprenderão as funções de recepcionista e de massagista na Casa da Mulher Brasileira
Desde 2005 sem trabalhar fora de casa, Juliana (nome fictício), de 48 anos, emociona-se com a possibilidade de voltar ao mercado profissional. “É a oportunidade de não me sentir vazia, de sustentar meus filhos e de começar uma nova vida”, definiu a moradora de Taguatinga. Na tarde desta segunda-feira (18), ela participou, na Casa da Mulher Brasileira de Brasília, da aula inaugural dos dois novos cursos profissionalizantes destinados a mulheres vítimas de violência: massagista e recepcionista.
Separada do marido agressor há nove anos, Juliana e os filhos buscaram atendimento no Centro de Referência de Assistência Social da região administrativa, um dos pré-requisitos para assistir às aulas. “Fiquei com muita vontade de me inscrever no de cuidadora, mas também me vejo lidando com pessoas na área de recepção”, disse a futura aluna. Além dela, outras mulheres na mesma situação, cerca de 70, participaram da solenidade em que receberam kits com caneta, pasta e caderno para tomar notas durante os cursos.
As atividades fazem parte do Programa Nacional de Mulheres Mil, do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), e são uma parceria da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos com a Secretaria de Educação. Em 4 de julho, foi lançado o curso de costura em máquina reta de overloque, ministrado na Fábrica Social, e em 11 de julho, o de cuidadora de idosos. São 125 alunas matriculadas.
Em 2016, 125 vítimas de violência doméstica começaram a fazer cursos profissionalizantes pelo Pronatec em Brasília
Duas turmas, uma de massagista e outra de recepcionista, terão as aulas ministradas na Casa da Mulher Brasileira. Outra classe de futuras massagistas assistirá às aulas no Centro de Atendimento à Mulher Vítima de Violência Doméstica, em Ceilândia. Os cursos ocorrerão às segundas, quartas e sextas-feiras, e a previsão é que acabem no início de outubro, quando devem abrir novas turmas. As matriculadas receberão ajuda de custo de cerca de R$1,50 hora/aula. O valor deve ser pago um mês depois do início das aulas e será proporcional à frequência.
Para a coordenadora adjunta do Pronatec pela Secretaria de Educação, Elisângela de Oliveira Novais Brito, a parceria inédita representa muito mais do que a possibilidade da independência financeira das vítimas. “É a autonomia emocional, a chance de se relacionar com outras pessoas”, destaca. As mulheres foram selecionadas por critérios de vulnerabilidade social. São pessoas que já passaram pela Casa Abrigo, pela Casa da Mulher Brasileira, pelos Centros Especializados de Atendimento às Mulheres, pelos Centros de Referência de Assistência Social e pelos Centros de Referência Especializado de Assistência Social.
A coordenadora da Casa da Mulher Brasileira de Brasília, Iara Lobo, reforça que a gestão compartilhada das políticas é fundamental para romper com o ciclo da violência, visto que muitas vítimas dependem financeiramente dos parceiros ou dos pais dos filhos. “Vamos lutar diariamente para colocar vocês no mercado de trabalho”, disse às mulheres durante o evento.
[Numeralha titulo_grande=”180″ texto=”Telefone do Centro de Atendimento à Mulher para denunciar casos de violência doméstica
A subsecretária de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Lúcia Bessa, definiu a oportunidade como um passo na mudança de vida das vítimas e reforçou que a autonomia financeira é parte essencial do processo de independência e da autoestima feminina. “Somos seres humanos protagonistas de nossas vidas. Não queremos mais direitos, queremos nossos direitos respeitados e mudanças efetivas”, completou.
Também participaram da aula inaugural na Casa da Mulher Brasileira a secretária adjunta de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Vera Lúcia da Silva; a gerente do Centro Especializado de Atendimento à Mulher de Ceilândia, Érika dos Santos Laurindo; a representante do Serviço de Promoção da Autonomia Econômica da Casa da Mulher Brasileira, Ana Paula Severino; a representante da diretoria de Integração das Redes de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação Franscismara Alves de Oliveira Lima; a coordenadora de Assistência Estudantil e Inclusão Social do Instituto Federal de Brasília, Ana Flávia Silva Marques de Menezes; e o representante da Secretaria de Educação Paulo César Ramos de Araújo.
Funcionamento da Casa da Mulher Brasileira de Brasília: todos os dias, das 8 às 20 horas
Atendimento do Tribunal de Justiça, da Defensoria Pública e do Ministério Público: de segunda a sexta-feira, das 12 às 19 horas
Para denunciar casos de violência doméstica, ligue para a Centro de Atendimento à Mulher: 180
Edição: Paula Oliveira