21/05/2023 às 10:03, atualizado em 21/05/2023 às 10:54

Mais de 40 denúncias envolvendo fauna silvestre foram feitas em 2023

Saruês estão no topo do ranking de resgates realizados pelo Batalhão de Polícia Militar Ambiental

Por Thaís Miranda, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader

O Instituto Brasília Ambiental recebeu 44 denúncias envolvendo a fauna silvestre do Distrito Federal em 2023. No ano passado, foram 167. O órgão dispõe de sistemas informatizados para cessar o avanço dos crimes ambientais no âmbito do DF. A fiscalização ativa também ocorre por meio do monitoramento nas redes sociais.

“A gente faz o acompanhamento nas redes sociais para que as pessoas parem de estimular esse tipo de atitude, com postagens e compartilhamentos. Recebemos também denúncias pela ouvidoria. A gente analisa o endereço, as coordenadas geográficas, o perfil do suspeito, quando possível, para verificar se consta algo no nosso sistema”, detalhou o chefe da Assessoria de Inteligência e Planejamento da Fiscalização Ambiental do Brasília Ambiental, Marcos Ozeki.

“Se não tiver nada no nosso sistema, fazemos a fiscalização in loco. Caso seja constatado que aquele animal foi adquirido de forma irregular, são feitos a autuação e o recolhimento do animal”, finalizou.

De acordo com Ozeki, os animais mais comuns nas fiscalizações são os passeriformes, psitacídeos e os quelônios. O ideal é que esses animais sejam destinados para os locais de onde vieram: a natureza. Na maioria das vezes, isso não é possível, por motivos de fragilidade da saúde do animal ou pelo fato de os bichos estarem acostumados com a presença humana. Os animais resgatados são encaminhados para o Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Os animais apreendidos podem ser encaminhados para outras instituições caso necessitem de reabilitação, como o Zoológico de Brasília e a clínica particular Anclivepa, que tem convênio com o Ibama para tais atendimentos. Caso o animal esteja apto para soltura, os agentes ambientais do Ibama realizam o manejo e a destinação desses animais para a natureza.

Polícia Militar Ambiental

“Se não tiver nada no nosso sistema, fazemos a fiscalização in loco. Caso seja constatado que aquele animal foi adquirido de forma irregular, é feita a autuação e o recolhimento do animal”Marcos Ozeki, chefe da Assessoria de Inteligência e Planejamento da Fiscalização Ambiental do Brasília Ambientaldireita

Cabe também ao Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA) atuar na segurança e resgate da fauna silvestre do DF. A população pode acionar os militares por meio do 190 para quaisquer emergências envolvendo animais silvestres.

“Mudanças climáticas que refletem na temperatura e na umidade relativa do ar ocasionam a movimentação de fauna para se alimentar, se acasalar ou se abrigar. Com isso, os riscos de acidentes aumentam. Nós usamos viaturas, cambão, puçá, gaiolas, luvas e vários outros itens para fazer esse resgate, manejo e soltura. Se estiver ferido, a gente leva para o Cetas, Zoológico ou Anclivepa”, detalhou.

De 1º de janeiro deste ano até o dia 9 de maio, o BPMA registrou 610 ocorrências envolvendo captura, busca, recolhimento e remoção de animais. Foram 706 resgates de fauna silvestre no DF somente neste período, sendo que, desse total, 151 eram saruês.

A captura e a criação de animais silvestres sem autorização configura crime ambiental, conforme previsto na Lei nº 9.605, de 1998. A fauna silvestre deve ser mantida em seu habitat natural e livre da domesticação do homem. Cabe ao Governo do Distrito Federal (GDF) promover a proteção da fauna e da flora sob seu território e fiscalizar para que a legislação seja cumprida.

De acordo com relatório divulgado, em 2021, pela World Wide Fund for Nature (WWF) — organização dedicada à conservação da vida — o tráfico de espécies silvestres pode movimentar, a nível mundial, até US$ 23 bilhões por ano.

Mais de 40 denúncias envolvendo fauna silvestre foram feitas em 2023