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29/07/2016 às 12:41, atualizado em 15/02/2017 às 11:21
Práticas incluem aumentar o número de médicos generalistas, dividir o atendimento em microrregiões e oferecer cursos de capacitação aos profissionais. A intenção é alterar o modelo de atendimento convencional, dando prioridade à prevenção de doenças e não ao tratamento
O aprimoramento dos serviços de saúde ofertados à população do Distrito Federal, na avaliação do Executivo, exige uma profunda transformação no modelo de atenção primária. As novas práticas para melhorar o atendimento na porta de entrada da rede começam a ser implementadas progressivamente.
As mudanças que levarão ao fortalecimento da medicina com foco na prevenção são muitas. Uma das mais significativas é a que passa a dar enfoque à promoção da saúde, e não apenas ao tratamento de doenças. A equação é simples: quanto mais as equipes de estratégia de família visitarem os moradores de uma comunidade, menos eles irão aos hospitais tratar de patologias menores. Por isso, a meta da Secretaria de Saúde é dobrar a cobertura dessas equipes em Brasília. Até 2018, a intenção é passar dos atuais 30,7% para 62%.
“No modelo convencional, o sistema de saúde trabalha de portas abertas, atendendo quem chega. No esquema do programa Saúde da Família, como trabalhamos com uma população específica, o processo é inverso. É feita uma busca ativa das pessoas para poder indicar ações que vão evitar ou minimizar as chances de ela adoecer e precisar de uma emergência”, explica o diretor da Diretoria de Áreas Estratégicas para Atenção Primária da Secretaria de Saúde, Sérgio Leuzzi.
Outra mudança para fortalecer a atenção primária, segundo Leuzzi, é diminuir o atendimento de médicos especialistas. Ele cita que estudos validados pelo Ministério da Saúde apontam que até 85% das queixas dos pacientes podem ser resolvidas por generalistas. “Os países que avançaram na questão da atenção primária começaram a entender a necessidade de ter mais profissionais generalistas, que trabalhem a medicina como um todo”.
A abordagem também será diferente na forma como os profissionais recebem as informações do usuário do sistema de saúde. No modelo tradicional, o paciente tem a chamada recepção passiva, ou seja, ele limita-se a ouvir as recomendações do médico para tratar determinadas doenças. Já a atenção primária propõe o diálogo entre os pacientes e os profissionais para que as orientações sejam compatíveis com o estilo de vida de quem está doente. “Óbvio que, como médico de família, quero saber se o meu paciente hipertenso está reduzindo o sal na comida, mas vou além. Vou querer saber como ele está, pois problemas profissionais ou familiares influenciam diretamente na doença dele”.
De acordo com o coordenador de Atenção Primária da Secretaria de Saúde, Marcos Quito, a expansão do modelo não se dará apenas na estrutura. Todos os profissionais que já trabalham com saúde da família serão capacitados. “Vamos incentivá-los a fazer pós-graduação em nível de especialização, oferecer cursos e outras formas de capacitação. Além disso, vai haver uma melhora nos mecanismos para que os profissionais registrem esses atendimentos em um sistema desenvolvido para a atenção primária”.
Cada equipe de estratégia da família é formada por um médico, um enfermeiro, dois técnicos de enfermagem e cinco agentes comunitários de saúde. No modelo a ser implementado, esse grupo ficará responsável pelos cuidados dos moradores de uma microrregião. A ideia é que os pacientes conheçam os profissionais de saúde e saibam onde eles atendem. “Nos países em que o fortalecimento da atenção primária se deu de forma correta, houve uma redução significativa inclusive nos índices de mortalidade infantil. Aqui não será diferente”, ressalta Marcos Quito.
Anualmente o governo investe R$ 138 milhões na atenção primária e R$ 148 milhões para a manutenção das seis unidades de pronto atendimento (UPAs) do DF
A gestão das UPAs será feita de forma compartilhada com organizações sociais, bem como todo o modelo de atenção básica de Ceilândia. Nos curto e médio prazos, os recursos destinados para o modelo não sofrerão alterações significativas, mas, a longo prazo, a expectativa é que o Estado economize entre 20% e 30%.
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Edição: Gisela Sekeff