22/11/2023 às 10:35, atualizado em 22/11/2023 às 11:07

Terapia comunitária nas escolas públicas do Gama acolhe pais e alunos

Projeto desenvolvido pela Regional de Ensino da RA atende direta e indiretamente cerca de 30 mil alunos

Por Josiane Borges, da Agência Brasília | Edição: Saulo Moreno

É embaixo de uma árvore, na área externa da escola, que os adolescentes vão chegando e formando uma roda para uma sessão de conversa. Momento em que as alegrias, as tristezas e as dores ganham acolhimento e empatia. O projeto de terapia comunitária do Centro de Ensino Médio (CEM) 1 do Gama reúne os alunos semanalmente para uma conversa coletiva, na qual os desafios diários são compartilhados com aceitação e respeito.

Vitor Ezequiel afirma que  procura se conectar com os desafios da vida. “Gosto tanto que quero ser terapeuta. É um lugar em que você se conecta com os outros e tudo que é dito no encontro fica no encontro”

Vitor Ezequiel, também do 1º ano, afirma sempre tentar levar novos colegas para o encontro promovido pela escola e define a terapia comunitária como um momento de conexão. “Procuro me conectar com os desafios da vida, gosto tanto que quero ser terapeuta. É um lugar em que você se conecta com os outros e tudo que é dito no encontro fica no encontro. Com pessoas de confiança e responsabilidade, as barreiras são vencidas a cada dia. Às vezes falamos de depressão e da nossa própria identidade, sem julgamentos”, diz.

O projeto

A coordenadora da Regional de Ensino do Gama, Cassia Maria Nunes, destaca que o projeto de terapia comunitária impacta diretamente ou indiretamente os 33 mil estudantes da região administrativa, assim como os pais e responsáveis pelos estudantes.

A terapeuta comunitária Mirian Fiuza diz que o trabalho é realizado em conjunto com todos os profissionais da escola, professores e gestores que estão direta ou indiretamente trabalhando em prol do projeto

“Semanalmente, o projeto acontece em nove escolas e, sempre que identificamos a necessidade, os terapeutas atuam também nas outras instituições de ensino. Além disso, todos os sábados, às 16h, tem um grupo de pais. Começamos como formiguinha e o projeto cresceu. Os pais que estão passando por momentos difíceis, que não têm condições de pagar um psicólogo, são convidados para participar da sessão com os terapeutas comunitários”, completa Cassia Nunes. A sessão de terapia com os pais é realizada no Espaço Olhar, dentro da Regional de Ensino

Roda infantil

No Jardim de Infância 3, no Setor Leste, os pequeninos de quatro e cinco anos também aguardam ansiosos pelos encontros semanais da rodinha de escuta, como é chamado o encontro para as crianças menores. É no momento que, com os dedinhos levantados, todos querem falar, cantar, celebrar e aplaudir as histórias dos colegas.

“Fazemos a sessão semanalmente, levamos elementos lúdicos, é o momento que elas podem falar das frustrações, das perdas e alegrias. Temos crianças que choravam muito, se jogavam no chão e com o passar do tempo, foram ganhando maturidade. São efeitos positivos que despertam o protagonismo, a empatia, pois passam a ouvir a história um do outro, e são acolhidos”, conta a supervisora pedagógica e terapeuta comunitária da escola, Cátia Marques. A escola atende quase 300 alunos do primeiro e segundo períodos da educação infantil.

A terapeuta destaca que os resultados do projeto são vistos diariamente no comportamento positivo das crianças. É gratificante ver o amadurecimento, eles sabem que, quando chego, é o momento de se acalmar e do silêncio, de ouvir e, assim, eles vão conseguindo gerenciar as emoções. Muitas vezes, o que os outros estão passando é o espelho da minha vida e tudo isso eles vão aprendendo na rodinha”, finaliza Cátia.

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