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23/11/2023 às 08:32, atualizado em 23/11/2023 às 09:23
Agência Brasília resgata a história do bairro que surgiu para abrigar trabalhadores das obras de construção da capital federal
A poucos quilômetros do imponente Palácio da Alvorada, testemunha dos primeiros traços de Brasília, está a Vila Planalto, bairro que surgiu para abrigar os trabalhadores que ajudaram a erguer as primeiras construções da capital federal.
Nesta quinta-feira, a Vila Planalto é o tema da série #TBTdoDF. A série especial da Agência Brasília aproveita a sigla em inglês – TBT – para throwback thursday (em tradução livre, quinta-feira de retrocesso) para mostrar fatos que marcaram o Distrito Federal.
Em função do viés temporário dos acampamentos, todas as casas que acomodaram os trabalhadores foram construídas em madeira. O objetivo era permitir a rápida demolição das estruturas após a inauguração de Brasília. Hoje, as residências originais se resumem a um pequeno acervo de cinco casas, conhecido como Conjunto Fazendinha.
Esse grupamento residencial é um dos patrimônios materiais da capital. Em 2021, após décadas de abandono de gestões anteriores, o governador Ibaneis Rocha assumiu o acervo como um equipamento a ser administrado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec). A medida foi acompanhada de aporte de investimentos superiores a R$ 470 mil, revertidos em ações emergenciais para restaurações estruturais das casas.
Para o subsecretário do Patrimônio Cultural, Felipe Ramos, essa é apenas uma das ações públicas executadas na Vila Planalto que ajudam a manter viva a memória candanga. “A Vila Planalto tem uma história única, mas que também se confunde com a história do Distrito Federal. Preservá-la é preservar a memória das pessoas que construíram a nossa cidade, deixando também um legado rico de cultura para as demais gerações”, destaca.
Resistência
Personagem importante na luta pela fixação da Vila Planalto, Leiliane conta que a drástica redução no número de casas originais se deve ao desenvolvimento do bairro e às inúmeras tentativas de remoção dos moradores da área. As investidas tiveram início após a inauguração de Brasília, ainda em 1960, e perduraram até 1988, quando o bairro foi tombado patrimônio histórico do DF. “Quem ficou na Vila Planalto foi porque resistiu e lutou por isso”, enfatiza.
Uma das moradoras que conquistaram o direito a permanecer no bairro foi a pioneira Mea Silva Araújo. Aos 88 anos, a idosa lembra com orgulho dos quase 62 anos em que vive na região. “Antigamente, isso aqui parecia um fazendão; todo mundo se conhecia, as crianças brincavam juntas o dia inteiro. Às vezes, bate uma saudade daquele tempo!”, narra.
Recentemente, a quadra poliesportiva localizada no centro do bairro foi recuperada e ganhou piso de concreto, pintura e instalação de grades de proteçãodireita
Moradora de longa data da Vila Planalto, Mea, uma das primeiras mulheres servidoras da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), comemora o crescimento do bairro. “A Vila cresceu muito e está muito bem-cuidada”, avalia.
O cuidado citado por Mea faz parte do esforço constante do Governo do Distrito Federal (GDF) para preservar esse verdadeiro berço da capital. Recentemente, a quadra poliesportiva localizada no centro do bairro foi recuperada e ganhou piso de concreto, pintura e instalação de grades de proteção. “Além disso, inauguramos uma quadra de areia e um campo sintético. Estamos sempre atentos às reivindicações dos moradores, e esperamos inaugurar mais equipamentos públicos no local”, acrescenta o administrador regional do Plano Piloto, Valdemar Medeiros.