12/09/2016 às 18:26, atualizado em 13/09/2016 às 11:09

Vértice nº 8 é lembrado no dia em que se comemoram 114 anos do nascimento de JK

Ponto fica na Praça do Cruzeiro e, a partir dele, foram feitos cálculos para construir Brasília. Acompanhado de uma equipe do Arquivo Público, o agrimensor Jethro Torres, que trabalhou na época, visitou o local nesta segunda (12)

Por Samira Pádua, da Agência Brasília

A aproximadamente 38 metros da cruz fincada na Praça do Cruzeiro, no Eixo Monumental, está o Vértice nº 8: ponto usado como referência para colocar em prática as ideias de Lucio Costa para a nova capital do Brasil. A partir dele, foram definidas ainda as linhas de latitude e longitude do Distrito Federal e foi possível dizer, na época, onde estava Brasília no território nacional.

Fotografia de 1957 mostra o Vértice nº 8 marcado por uma placa branca, à direita da cruz, no local onde foi construída a Praça do Cruzeiro.

Fotografia de 1957 mostra o Vértice nº 8 marcado por uma placa branca, à direita da cruz, onde foi construída a Praça do Cruzeiro. Foto: Arquivo Público do DF/Fundo Novacap – 1957

Em 2007, colocou-se no vértice uma laje de cor alaranjada, para que o ponto não passe despercebido. Ele pode ser visto à direita de quem se posiciona de frente para o Memorial JK. “A cidade não foi construída aleatoriamente. Ela teve uma base geodésica, geográfica, cujas coordenadas, infelizmente, são pouco conhecidas, porque não há razão para o povo normalmente conhecer essas coisas — mas é bom saber. Nos mapas nós temos aqueles quadradinhos, por quê? Ali estão as coordenadas, os meridianos, os paralelos”, explicou Torres.

Vértice nº 8 é diferente da estaca zero de Brasília

O diretor de Pesquisa, Difusão e Acesso do Arquivo Público, Elias Manoel da Silva, ressaltou que o Vértice nº 8 difere-se da estaca zero, onde encontram-se os Eixos Rodoviários Sul e Norte e Monumental, no Buraco do Tatu.

Acervo pessoal de Jethro Bello Torres está no Arquivo Público do DF

Em 2009, Torres doou documentos da história do ponto ao Arquivo Público, onde ele também esteve nesta segunda-feira. Entre os papéis é possível observar cálculos e mapas, como um que traz marcado o Vértice nº 8 e pontos que vieram a partir dele. “Colocar o projeto de Lucio Costa no chão não foi apenas um ato poético, foi um ato profundamente técnico”, reforçou Elias da Silva.

O diretor de Pesquisa, que também é historiador, pontuou a importância do acervo recebido há sete anos: “Daqui a 100, 200 anos, quando as pessoas quiserem saber como foi colocado o Eixo Monumental, o Eixo Rodoviário, o aeroporto, como foram alocadas as superquadras dentro de Brasília, os cálculos estão nesses documentos”.

O Arquivo Público do DF também guarda registros orais da história contada por Jethro Bello Torres, em gravações que totalizam aproximadamente seis horas. O material está disponível para consulta de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas. Não é preciso agendar. O endereço é Setor de Garagens Oficiais Norte, Quadra 5, Lote 23, Bloco B.

Edição: Marina Mercante