10/01/2024 às 17:45

Programa de lar temporário acolhe crianças em vulnerabilidade

Novo curso do Família Acolhedora começa neste sábado (13) e prepara voluntários para oferecer carinho e proteção durante processos de adoção ou de afastamento pontual do convívio familiar

Por Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Igor Silveira

Começa neste sábado (13) mais um curso do programa Família Acolhedora, serviço de abrigo temporário que atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Gerido pela Organização da Sociedade Civil Aconchego, o programa está com 35 vagas ainda disponíveis.

O serviço é uma política pública continuada que funciona em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social do Distrito Federal (Sedes-DF). A iniciativa busca garantir um acolhimento mais personalizado e afetuoso para os pequenos que precisaram ser afastados de seus lares originais.

O serviço é uma política pública continuada que funciona em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social do Distrito Federal (Sedes-DF)

Durante o curso, é marcada uma entrevista com a família e a equipe técnica, para traçar um perfil de acolhimento, com os desejos e motivação da família – seguida por uma segunda entrevista com visita domiciliar. Após essa fase, a equipe faz a devolutiva se aquela família será ou não uma potencial candidata para o acolhimento.

“É um processo de reflexão para as pessoas que participam. Nem todos que fazem o curso acolhem porque muitas pessoas desistem por ir na intenção de adotar. Outras não têm a disponibilidade que se precisa, então refletem melhor. Além disso, o programa traz a importância da sociedade se corresponsabilizar pelas crianças. Às vezes, a gente se coloca no papel de crítico, questionando como alguém consegue abandonar uma criança, mas não se coloca no papel de acolher – que é um lugar transformador da sociedade”, destaca a vice-presidente da Aconchego.

Experiência acolhedora

O servidor público Roberto Pojo e a esposa dele, Camila Pojo, foram da primeira turma formada, sendo uma das famílias acolhedoras pioneiras do programa. O casal cuidou de três recém-nascidos, um bebê de 2 anos e uma adolescente de 17.

Das crianças acolhidas, duas foram para adoção. O casal mantém contato com os pais adotivos, algo que fica à escolha da família adotiva. Eles até passaram o Natal juntos. Já outra criança voltou para a família original, aos cuidados de uma tia, da qual o casal recebe notícias esporádicas. Ao comentar o assunto, Roberto lembra que é necessário estar preparado para isso e frisa que uma das funções é justamente se apegar.

“Essa transferência de carinho é fundamental para a criança. Sempre foi claro que o nosso papel é transitório. Na verdade, fica um sentimento de dever cumprido. Oferecer para as crianças uma recuperação no desenvolvimento delas antes do encaminhamento para a adoção é um processo gratificante”, detalha.

Roberto conta que a primeira bebê acolhida pelo casal foi, também, a primeira que saiu do abrigo familiar para a adoção e recorda o comentário feito por uma funcionária da Vara da Infância e da Juventude, de que nunca tinha visto uma criança tão ativa. “Às vezes, a instituição tem que compartilhar muito a atenção, pela quantidade de crianças. Ela frisou bastante que a bebê foi para lá mais saudável, amorosa e carinhosa. Faz parte você saber que esse papel temporário que você tem vai fazer uma diferença enorme para as crianças”, acrescenta o servidor.

Atendimentos

A Sedes-DF tem dois termos de colaboração assinados com o Grupo Aconchego. O primeiro, válido até outubro de 2024, prevê o atendimento de até 20 crianças com idade até 6 anos. Já o segundo, em vigor até 2028, oferece 45 vagas para a faixa que vai até 18 anos.