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25/01/2024 às 08:14, atualizado em 05/02/2024 às 11:51
Você sabia que um dos bloquinhos pioneiros do DF veio de uma maratona de bares? Conheça outras curiosidades sobre os tradicionais grupos carnavalescos da cidade
O ano de 1961 é reconhecido oficialmente como a data da primeira comemoração carnavalesca de Brasília com o apoio do governo, a Folia do Momo. Mas, antes disso, há registros históricos que mostram festas de Carnaval de caráter popular significativas na Cidade Livre, especificamente na Travessa Dom Bosco.
A Agência Brasília transporta você ao passado, lembrando o surgimento dos primeiros blocos da capital, em mais uma matéria da série especial #TBTdoDF, que utiliza a sigla em inglês de throwback thursday (em tradução livre, quinta-feira de retrocesso) para relembrar fatos marcantes da nossa cidade.
Onde há gente, há Carnaval
Pacotão, Baratona e Baratinha
Fundado por um grupo de jornalistas, o Pacotão é o bloco mais antigo da capital. O pernambucano Luiz Lima, 85 anos, foi um dos precursores desse e de outros bloquinhos famosos do DF. Quando ele tinha 20 anos, veio a Brasília para trabalhar na construção civil, ajudando a erguer a cidade. Mas Luiz ficava indo e voltando para a cidade natal dele, pois sempre que chegava a época das festas, batia aquela saudade.
Alguns anos após a inauguração da cidade, Luiz decidiu que iria ficar na capital durante o Carnaval. “Já que não ia para Pernambuco, decidi trazer o frevo até o DF. Pensei na época: vou fazer um bloco tipo Pernambuco”, comenta. Ao lado de alguns colegas, ele foi um dos fundadores do Clube da Imprensa, no Setor de Clubes Esportivos Norte – destino final dos primeiros blocos de Brasília.
“Eu não fiz por mim, fiz para a população de Brasília. O Carnaval é uma coisa muito alegre, é para fazer todo mundo feliz como eu sou”Luiz Lima, fundador de blocos como o Pacotãodireita
O Pacotão foi criado como uma forma de satirizar a ditadura militar, o próprio nome sendo uma referência a um pacote de medidas que alterava as regras das eleições, conhecido como Pacote de Abril, criado em 1977 pelo então presidente da República, general Ernesto Geisel. O bloco saiu da concentração, na Entrequadra 302/303 Norte, e seguiu pela contramão da Avenida W3, em direção à 504 Sul, reunindo cerca de mil pessoas.
Três anos depois, chegou a vez do bloco Baratona, uma brincadeira com uma maratona de bares. Os foliões iam de bar em bar, começando em um barzinho localizado no começo da Asa Norte. Segundo recorda Luiz, a inspiração veio de uma festa que ocorria em 31 de dezembro, quando, após uma maratona de bares, quem estivesse com o maior teor alcoólico vencia.
Impulsionado pelos grandes Pacotão e Galinho, outros blocos compõem a história do Carnaval da capital federal, como os conhecidos Suvaco da Asa, Raparigueiros, Baratinha, Baratona, entre outros.
De acordo com o presidente da Liga dos Blocos, Paulo Henrique Nadiceo, a liga se organizou em 1994, juntando os oito blocos existentes da cidade. O objetivo era organizar o Carnaval em uma instituição, com os blocos tradicionais, como por exemplo o bloco Portadores da Alegria – voltado para pessoas com deficiência (PcDs).
“A importância da liga é dar uma continuidade da cultura popular brasileira. A nova geração é muito entretida com a parte digital, muitos saem para olhar o mundo só no Carnaval. Tem jovens hoje que nunca viram um maracatu, brincantes, artistas com perna de pau, ou mesmo tiveram contato com o frevo. O legado da liga é não deixar isso morrer nunca”, destaca Nadiceo.