08/02/2024 às 08:36

Um ano da força-tarefa contra o feminicídio tem avanços na rede de proteção

Atuação conjunta do Governo do Distrito Federal com representantes do Legislativo, do Judiciário e da sociedade civil viabilizou a criação de ações, programas e políticas públicas voltadas para o combate à violência contra a mulher

Por Victor Fuzeira, da Agência Brasília | Edição: Igor Silveira

Há um ano, o Governo do Distrito Federal (GDF) lançou uma força-tarefa inovadora e abrangente na luta contra o feminicídio. Composto por 11 secretarias, órgãos judiciais e representantes da sociedade civil, o colegiado tem sido fundamental na criação de uma ampla rede de leis e políticas públicas voltadas para a garantia do direito às mulheres, especialmente as vítimas de violência e em situação de vulnerabilidade social.

Atualmente, o Mulher Mais Segura é responsável pelo monitoramento de 621 pessoas, entre homens e mulheres. Desde a criação, há três anos, nenhuma das mais de 1,5 mil vítimas monitoradas no acumulado teve a integridade física ameaçada

“O enfrentamento a todo o tipo de violência contra a mulher é prioridade do atual governo e da minha gestão à frente da Segurança Pública do DF. Temos desenvolvido diversas ações, campanhas e mecanismos que visam o incentivo à denúncia, que é ferramenta fundamental para ampliação da rede de proteção à mulher”, destaca o secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar.

Um dos avanços da utilização dos dispositivos foi a distribuição nas delegacias especiais de Atendimento à Mulher I e II (Deam I e II), localizadas na Asa Sul e em Ceilândia. Antes, era preciso uma medida protetiva judicial para que as mulheres recebessem os aparelhos. A mudança ampliou o número de vítimas atendidas de 283 para 380 em dezembro de 2023.

Além do Viva Flor, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) possui à disposição outras ferramentas para reduzir os índices criminais, como o Mulher Mais Segura. “Nele, a mulher com medida protetiva em vigor e em situação de risco grave tem a possibilidade de ser monitorada por georreferenciamento, em tempo real, 24 horas por dia, assim como o seu agressor e, se ficar comprovada a ameaça, nossa central é acionada a tomar as providências cabíveis”, explica Andrea Boanova, diretora de Monitoramento de Pessoas Protegidas.

Outro equipamento público à disposição das vítimas de violência são os Centros de Especialidades para a Atenção às Pessoas em Situação de Violência sexual, Familiar e Doméstica (Cepavs), vinculados à Secretaria de Saúde do DF (SES-DF)esquerda

Atualmente, o Mulher Mais Segura é responsável pelo monitoramento de 621 pessoas, entre homens e mulheres. Desde a criação, há três anos, nenhuma das mais de 1,5 mil vítimas monitoradas no acumulado teve a integridade física ameaçada. “Temos 100% de êxito preservando a vida dessas mulheres”, destaca Andrea.

Pioneirismo

Ao longo do primeiro ano da força-tarefa, a Secretaria da Mulher contabilizou 29 mil atendimentos realizados. Na ocasião, 19 mil vítimas receberam amparo em um dos 14 equipamentos públicos que integram a rede de proteção às mulheres em situação de vulnerabilidade.

Entre eles, se destacam a Casa Abrigo, Espaço Acolher, Centro Especializado de Atendimento à Mulher e a Casa da Mulher Brasileira, que, em breve, terá quatro novas unidades: em São Sebastião, Sobradinho II, Recanto das Emas e Sol Nascente.

Outro equipamento público à disposição das vítimas de violência são os Centros de Especialidades para a Atenção às Pessoas em Situação de Violência Sexual, Familiar e Doméstica (Cepavs), vinculados à Secretaria de Saúde do DF (SES-DF). Os espaços, pioneiros em todo o país, oferecem atendimentos com abordagens biopsicossocial e a interdisciplinaridade.

Os Cepavs contam com equipes multiprofissionais que atendem crianças, adolescentes, adultos e idosos em situação de violência sexual, familiar e doméstica, e vieram para reforçar a Rede de Atenção às Pessoas em Situação de Violência do Distrito Federal (RAV), outra inovação do DF. “São serviços de porta aberta, ou seja, atendem, também, à demanda espontânea, não sendo necessário que a vítima de violência seja encaminhada para um dos centros”, acrescenta Priscila Nolasco, coordenadora da RAV.

A servidora ressalta que a atuação da rede busca garantir uma atuação mais capilarizada do Sistema Único de Saúde (SUS) no contexto da violência contra a mulher. “O objetivo é fortalecer o olhar a quatro dimensões do cuidado: acolhimento, atendimento, notificação e seguimento de rede”, diz. “É um olhar voltado para a garantia de direitos, da atenção integral e do conceito ampliado de saúde, que não é só a ausência da doença, mas também resulta de uma série de fatores sociais e a violência é uma questão social de grande impacto”, completa.

Denuncie

A denúncia segue sendo o instrumento mais eficaz no combate à violência contra a mulher ao desempenhar papel crucial na identificação, prevenção e punição dos agressores.

O DF conta com diversos mecanismos de denúncia de casos de violência doméstica. Uma possibilidade é comunicar as ocorrências por meio da Central de Atendimento à Mulher, pelo telefone 180, ou presencialmente em uma das duas unidades da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), localizadas no centro de Ceilândia e na Asa Sul. Elas funcionam 24h por dia. As delegacias circunscricionais também contam com seções de atendimento à mulher.

A Polícia Civil do DF (PCDF) também disponibiliza o registro de ocorrência por meio da Maria da Penha Online. Na plataforma, a comunicante pode enviar provas com fotos, vídeos e requerer acolhimento. Além disso, as comunicações podem ser feitas por meio dos seguintes canais:

→ E-mail denuncia197@pcdf.df.gov.br;
→ Telefone 197, opção 0 (zero);
→ WhatsApp (61) 9.8626-1197.

A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) também está disponível para atendimento, pelo número 190.

Por fim, o aplicativo Proteja-se permite fazer a denúncia por meio de uma única mensagem, com atendimento por meio de um chat ou em Libras. É possível incluir fotos e vídeos à solicitação. Um atendente receberá o material e o encaminhará aos órgãos do Sistema Nacional Integrado de Direitos Humanos e à rede de equipamentos de acolhimento do GDF.