09/02/2024 às 15:36

Prevenção de ISTs é fundamental durante o Carnaval

Especialistas fazem alerta para infecções sexualmente transmissíveis e como evitá-las

Por Agência Brasília* | Edição: Vinicius Nader

Festa, música e paquera. Com a chegada do Carnaval, a diversão, muitas vezes, pode vir acompanhada das chamadas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Adotar medidas preventivas pode diminuir o risco. “O período carnavalesco apresenta diversas situações que aumentam a vulnerabilidade à transmissão de infecções, em específico as de contágio via sexual”, alerta a gerente de Vigilância de IST (Gevist) da Secretaria de Saúde (SES-DF), Beatriz Maciel Luz.

As ISTs, causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos, são transmitidas, principalmente, pelo contato sexual (oral, vaginal, anal) sem proteção. O vírus da imunodeficiência humana (HIV), causador da aids, aparece como uma das principais patologias. Segundo o informativo divulgado pela SES-DF, entre 2018 e 2022 foram notificados mais de 3,6 mil casos de infecção pelo HIV, dos quais 1,3 mil evoluíram para aids. No perfil epidemiológico do contágio por HIV, predominam os casos entre homens de 20 a 29 anos (45,5%).

No Brasil, todos os indivíduos diagnosticados com HIV podem receber o tratamento gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) | Foto: Matheus Oliveira/Agência Saúde-DF

Os principais meios de prevenção contra as ISTs durante a atividade sexual são os preservativos e o gel lubrificante. Contudo, a estratégia de prevenção na rede pública abrange também outras alternativas, como a Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP) e a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP).

A PEP é uma medida de urgência que envolve o uso de medicamentos para diminuir o risco de contrair HIV e outras ISTs. Recomenda-se iniciar o tratamento o mais rápido possível, preferencialmente nas duas primeiras horas após a exposição e, no máximo, até 72 horas, seguindo a orientação médica por 28 dias para prevenir a infecção. “É importante atentar para o período de janela imunológica. Isto é, os casos de exposição sexual durante o Carnaval devem ser orientados para a PEP, pois a testagem antes de 30 dias da situação de risco não irá detectar o contágio”, orienta a gerente da Gevist.

“A estratégia de prevenção combinada traz esta mensagem: escolha, junto com quem se está, as medidas que se adéquam ao casal”Beatriz Maciel Luz, gerente de Vigilância de ISTdireita

Por outro lado, a PrEP utiliza antirretrovirais (ARV) para reduzir o risco de adquirir a infecção pelo HIV. Ela integra as estratégias de prevenção combinada do vírus, que reúne ferramentas biomédicas, comportamentais e estruturais, como o uso de preservativos e lubrificantes, testagem regular e adesão à terapia antirretroviral (Tarv) para controlar a infecção.

Segundo a profissional, é fundamental que cada indivíduo escolha o método que seja adequado tanto para ele quanto para a parceria. “A estratégia de prevenção combinada traz esta mensagem: escolha, junto com quem se está, as medidas que se adéquam ao casal. Sabemos que o uso do preservativo ainda é a principal forma de prevenção não apenas para o HIV, mas também às outras ISTs.”

Aumento de casos

Nos últimos anos, de acordo com dados da SES-DF, houve um aumento de casos novos de sífilis, especialmente entre pessoas jovens e sexualmente ativas. De 2018 a 2022, foram notificados 10.676 casos novos de sífilis adquirida, 4.179 casos de sífilis em gestantes e de 1.660 crianças com sífilis congênita.

Em relação à infecção pelo HIV, de 2018 a 2022, foram registrados 3.684 casos novos notificados. No período, 1.333 casos evoluíram para aids. A infecção pelo HIV predomina entre homens da faixa de 20 a 29 anos (45,5%), principalmente entre homens que fazem sexo com homens.

Outro dado que levanta atenção é o de transmissão sexual de hepatites virais. De 2018 a 2022, foram detectados 552 novos casos novos de hepatite B e 841 novos casos de hepatite C.

Onde buscar os serviços

Além de realizar testes rápidos e distribuir preservativos e gel lubrificante, a rede de 176 UBSs do DF serve como ponto de acesso primário para receber atendimento relacionado à PEP.

Deve-se procurar a unidade de referência, onde médicos, enfermeiros e farmacêuticos podem realizar avaliações e, se necessário, prescrever a PEP. A partir de fevereiro deste ano, a prescrição e o acompanhamento a pessoas elegíveis à PrEP também estarão disponíveis na Atenção Primária à Saúde (APS).

*Com informações da Secretaria de Saúde