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13/11/2016 às 15:02, atualizado em 14/11/2016 às 11:26
Uso de espuma produz melhor resfriamento de materiais, já que a temperatura cai seis vezes mais rápido, e gera menor poluição atmosférica e dos mananciais
Um sistema inovador, capaz de economizar até seis vezes o gasto de água no combate a incêndios urbanos, levou o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal a ganhar prêmio nacional de sustentabilidade e se tornar referência no País em uso racional de recursos hídricos.
A redução de consumo se dá mediante o emprego de espuma, por ar comprimido, no combate a incêndios das classes A (sólidos comuns) e B (líquidos combustíveis). “Esse sistema é eficiente, pois traz avanço significativo no uso racional da água. A cada litro de água, ele gera seis de espuma”, explica o tenente-coronel George Cajaty Braga.
Desse modo, uma viatura com capacidade média de 3.750 litros de água gera quase 24 mil litros de espuma, ampliando o potencial de contenção do fogo. “Assim, o sistema tem um poder operacional muito maior”, destaca o militar, que coordenou o projeto de pesquisa na Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
[Olho texto='”O sistema é eficiente e traz avanço significativo no uso racional de recursos hídricos. A cada litro de água, ele gera seis de espuma”‘ assinatura=”George Cajaty Braga, tenente-coronel do Corpo de Bombeiros do DFesquerda
A pesquisa existe desde 2007 e já contou com vários parceiros, como a Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Entre outras vantagens, esse método produz melhor resfriamento de materiais, já que a temperatura cai seis vezes mais rápido em ambiente confinado. Gera ainda menor poluição atmosférica, na medida em que o composto cobre a área incendiada e impede a liberação de gases tóxicos.
A poluição pluvial também é atenuada. No combate tradicional aos incêndios, a água em excesso escorre para a rede de galerias, carreando materiais contaminados para os mananciais. O uso da espuma evita esse efeito, pois ela se fixa ao material e é contida no local onde foi lançada.
Além disso, o produto é 100% biodegradável e se dissolve em menos de 30 dias. O tempo de combate ao incêndio é mais rápido, e o material apagado não reacende. A utilização da espuma aumenta a chance de sobrevivência das pessoas no ambiente e protege os bombeiros que atuam na operação.
O modelo brasiliense ficou em 1º lugar na sexta edição do Prêmio de Boas Práticas de Sustentabilidade A3P, do Ministério do Meio Ambiente, na categoria uso/manejo sustentável dos recursos naturais.
Com espuma, a temperatura cai seis vezes mais rápido, o material apagado não reacende e evita-se poluição de mananciaisdireita
A premiação acontece a cada dois anos e conta com seis eixos: Uso racional dos recursos naturais e bens públicos; Gestão adequada dos resíduos gerados; Qualidade de vida no ambiente de trabalho; Sensibilização e capacitação dos servidores; Licitações sustentáveis e Construções sustentáveis.
O coronel Rogério de Assunção Cruvinel explica que, para participar, a corporação fez a adesão ao programa de agenda ambiental do Ministério do Meio Ambiente e, com isso, obteve um plano de trabalho de cinco anos.
Ele presidia a Comissão de Sustentabilidade Agenda Ambiental na Administração Pública do Corpo de Bombeiros, criada em 2015. Desde então pratica ações com esse perfil na corporação.
Com o resultado, segundo o coronel, houve “economia gigantesca de água” nas operações dos Bombeiros. O ministério definiu o projeto como inovador. “Com essa valorização, a ideia é trazer mais financiamento e recursos para ações na área de sustentabilidade e novas pesquisas. Em breve vamos colocar em prática um projeto de bicicletário para a corporação”. Completa.
A corporação tem hoje 60 equipamentos de geração de espuma por ar comprimido, instalados em viaturas de combate a incêndio, kits de salvamento e escadas mecânicas.
No próximo ano, será iniciada pesquisa para a utilização desse sistema também nos incêndios florestais. O projeto já está aprovado pela FAP-DF e será desenvolvido em parceria com o instituto de Biologia da Universidade de Brasília (UnB).
Edição: Vannildo Mendes