25/02/2017 às 22:01, atualizado em 26/02/2017 às 15:32

Na abertura oficial da folia brasiliense, mais de 170 mil pessoas vão às ruas

Na 202 Sul, a saída do tradicional Galinho de Brasília foi aberta pela Aruc, primeira das seis escolas de samba tradicionais da cidade que neste ano vão se apresentar com os bloquinhos. Atuação dos órgãos públicos garantiu a tranquilidade

Por Ádamo Araújo, Guilherme Pera e Marina Nery, da Agência Brasília

Apesar da forte chuva que caiu no Plano Piloto na tarde deste sábado (25), a abertura oficial do carnaval de Brasília levou uma multidão às ruas. Somente na Praça do Cruzeiro, o popular e irreverente Babydoll de Nylon reuniu 160 mil pessoas — 95 mil a mais em relação a 2016.

Na 202 Sul, o tradicional Galinho de Brasília agitou cerca de 10 mil foliões com frevo e marchinhas. Os números são da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social. Em sua 25ª edição, o bloco manteve a característica familiar, com a presença de muitos pais acompanhados de crianças.

Vários órgãos do governo de Brasília mobilizaram-se para assegurar a tranquilidade do público. A Agência de Fiscalização (Agefis) apreendeu garrafas de vidro e evitou que ambulantes não autorizados atuassem nos blocos. A Polícia Militar do Distrito Federal destacou um grande efetivo para garantir a segurança nos dois maiores eventos do dia. Além do Babydoll e do Galinho, 28 blocos estavam organizados para sair em várias regiões administrativas.

Depois das 16 horas, quando a chuva cessou, o público encheu a Praça do Cruzeiro para acompanhar o Babydoll. O Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) fechou as Vias N1 e S1 do Eixo Monumental nos dois sentidos nas proximidades do Palácio do Buriti.

Um dos organizadores do bloco, o ator e publicitário Daniel Obregon, de 29 anos, destaca o crescimento do Babydoll de Nylon nos últimos anos. “Surgimos como uma piada, de sermos o menor, o mais ridículo e o menos promissor bloco de Brasília. Em 2016, juntamos 65 mil pessoas, e cada vez mais elas veem que não precisam viajar para curtir o carnaval”, ressaltou.

A observação de Obregon é compartilhada por outros foliões. O empresário Leandro Furtado, de 37 anos, sempre saía da cidade nessa época, mas mudou o itinerário desde 2015. “Sempre marco presença aqui, o carnaval de Brasília se tornou muito bom”, elogiou. Ele estava acompanhado da esposa, a psicóloga Cynthia Furtado, de 35 anos, e dos amigos Bruno de Oliveira, de 39, advogado, e Ana Paula Ávila, de 32, também psicóloga.

Aruc abriu o Galinho de Brasília

Foliões de todas as idades também acompanharam a união da escola de samba mais premiada de Brasília com um dos blocos mais tradicionais. Após três anos sem desfilar, seis escolas de samba do grupo especial farão shows com os bloquinhos. Primeira a se apresentar, a Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc) emocionou crianças e adultos na abertura do Galinho de Brasília.

Por causa da forte chuva, o início da apresentação atrasou mais de uma hora, o que não desanimou os foliões. Todos dançaram ao som da bateria que deu ritmo às músicas conhecidas do grande público.

“O carnaval de Brasília existe desde que a cidade foi fundada, e tanto o Galinho como a Aruc fazem parte dessa tradição. Por isso, escolhemos nos unir hoje e mostrar que nossa festa precisa ser incentivada e crescer ainda mais”, disse Moacyr Oliveira, presidente da Aruc.

Organizadora do evento e nora de um dos fundadores do Galinho, Wendy Domingues disse que essa união é fruto de uma parceria antiga. “A Aruc já nos homenageou durante um desfile e hoje nos brinda com essa abertura espetacular”, complementou. Essa é a 26ª vez que o bloco toma as ruas da capital, 25ª após a criação oficial. Já a Aruc foi fundada há 55 anos e ganhou 31 de 52 desfiles, de 1962 a 2014.

[Olho texto='”Para nós não há nada melhor, todo ano estamos aqui. É animado, seguro e familiar”‘ assinatura=”Mônica Barbosa, foliã do Galinho de Brasíliaesquerda

As balconistas Marleide e Mônica Barbosa, de 39 e de 40 anos, são recifenses e acompanham o Galinho de Brasília há 20 anos. “Para nós não há nada melhor, todo ano estamos aqui. É animado, seguro e familiar”, comentou Mônica, que diz levar a filha para aproveitar as festividades todos os anos. “O desfile foi uma boa surpresa, deu mais animação”, acrescentou Marleide.

O casal de namorados Diana Brandão e Gustavo Carvalho foi às festas carnavalescas brasilienses pela primeira vez. “As baianas, as passistas, tudo estava lindo”, disse a servidora pública, de 29 anos. “Está sendo uma festa bem família, bem organizada, com segurança e animação”, observou Carvalho, de 28 anos, formado em relações internacionais.

Apoio ao carnaval de rua de Brasília

De acordo com a Secretaria de Cultura, 118 blocos participam do carnaval de rua de Brasília neste ano. Somados às demais comemorações, são 190 eventos cadastrados — 105 no Plano Piloto e 85 em outras 21 regiões. A estimativa é receber 1,9 milhão de pessoas nessas festividades e 1,6 milhão nos quatro dias oficiais.

Quarenta e sete blocos recebem recursos da Lei de Incentivo à Cultura (LIC) no valor total de R$ 1,5 milhão. Os eventos tiveram auxílio na contratação da estrutura do evento, como palcos, trios elétricos, iluminação, unidade de terapia intensiva (UTI), sonorização, tendas, carretas, grades, seguranças, brigadistas e banheiros.

A programação completa da folia brasiliense está no site Brasília tem Carnaval.

Edição: Raquel Flores e Saulo Araújo