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01/03/2017 às 18:33, atualizado em 02/03/2017 às 14:06
Edital para selecionar 30 professores foi publicado no Diário Oficial do DF. Projeto já teve duas edições no Centro de Ensino Fundamental 12 de Ceilândia
O projeto Mulheres Inspiradoras será ampliado para 15 escolas públicas do Distrito Federal. O edital para selecionar 30 professores está publicado no Diário Oficial do Distrito Federal. Eles vão receber apoio para replicar e debater, nas salas de aula, conceitos de igualdade de gênero, de representação feminina na mídia e de combate à violência contra a mulher.
A ampliação da iniciativa se tornou possível graças ao acordo de cooperação internacional assinado em 6 de fevereiro entre o governo de Brasília e o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), que investirá U$ 20 mil no programa. A Organização dos Estados Ibero-Americanos entrou como parceira para gerir os recursos.
Idealizadora do projeto e servidora há 26 anos da Secretaria de Educação, a professora Gina Vieira Ponte de Albuquerque sistematizou uma proposta interdisciplinar, que reúne ciências, geografia, história e português. Na formação para os docentes selecionados serão trabalhadas temáticas como direitos humanos e diversidade e a metodologia do Mulheres Inspiradoras.
“Não basta eu dizer que o professor tem de trabalhar a equidade de gênero na escola eu tenho que ajudá-lo a entender como fazer isso”, detalha Gina.
O projeto já passou por duas edições, no Centro de Ensino Fundamental 12 de Ceilândia, com a participação de 480 alunos. Eles puderam conhecer as biografias de mulheres que foram líderes, protagonizaram histórias de superação ou grandes feitos, como Anne Frank, Cora Coralina e Malala Yousafzai.
Depois de ler esses perfis, os estudantes escreveram sobre mulheres inspiradoras que fizessem parte da vida deles. No ano passado, 95 textos foram selecionados para compor o livro que leva o mesmo nome do projeto.
A estudante Adrielly Kellen Ferreira, de 17 anos, conta como se aproximou mais da própria mãe ao contar a história dela. “Mulheres próximas da gente também são importantes e têm ações pequenas que fazem diferença no mundo.” E completa: “Ela lutou muito para eu não ter que trabalhar e poder focar nos estudos”.
Temas como machismo foram bem explorados, avalia o aluno, Lucas Mateus, de 17 anos. “Os meninos que tiveram a oportunidade de participar hoje têm uma visão diferente, com mais respeito pelas mulheres”.
“Os meninos que tiveram a oportunidade de participar hoje têm uma visão diferente, com mais respeito pelas mulheres”Lucas Mateus, aluno do Centro de Ensino Fundamental 12 de Ceilândiadireita
Além dos textos publicados, outros talentos se revelaram. Joyce Barbosa, de 17 anos, ilustrou a capa do livro. “Quero trabalhar nessa área de desenho e ter esse portfólio é muito importante para mim”, diz a jovem, que já recebeu convite para estampar obras de literatura infantil.
Ao lado da ilustração, linguagens como cinema, teatro e produção escrita fizeram parte do projeto e divulgaram várias outras aptidões em sala de aula, entre elas, para jornalismo e poesia.
A professora Gina comemora os frutos do projeto e atribui a ele a chance de rever sua forma de lecionar e de fazer com que os alunos se engajassem na aprendizagem. “O simples fato de mostrar isso para outras escolas ser possível já é maravilhoso. O acordo [com a Corporação Andina Financeira] cooperou para incluir essa temática na agenda nacional e da nossa cidade.” Em 21 de fevereiro, ela foi um dos 133 servidores condecorados com a Medalha do Mérito Buriti.
O Mulheres Inspiradoras recebeu várias premiações, entre as quais o 4º Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos da Presidência da República (2014); o 8º Prêmio Professoras do Brasil, do Ministério da Educação (2014); e o 1º Prêmio Ibero-Americano de Educação em Direitos Humanos da OEI (2015). As honrarias renderam mais de R$ 100 mil, investidos na unidade de ensino de Ceilândia.
Edição: Raquel Flores