14/03/2017 às 08:42, atualizado em 14/03/2017 às 10:56

Conexão Cultura DF leva produtores locais para o exterior

Com o festival de cultura de periferia Favela Sounds, Guilherme Tavares representará Brasília em feiras de negócios musicais em Cabo Verde e na França

Por Gabriela Moll, da Agência Brasília

Há seis anos no mercado de Brasília, o produtor cultural Guilherme Tavares, de 26 anos, terá a oportunidade de expandir sua rede de contatos com outros profissionais pelo mundo. Em 2017, ele apresentará o Favela Sounds — Festival Internacional de Cultura de Periferia — em duas feiras de negócios musicais: a Atlantic Music Expo, em Praia, Cabo Verde, e o Midem, em Cannes, França.

O brasiliense é um dos relacionados por meio de seleção do programa Conexão Cultura DF, da Secretaria de Cultura, para feiras, encontros, conferências e mercados de negócios nas áreas de música e de audiovisual fora de Brasília. São dez eventos ao todo.

Tavares tem altas expectativas em relação ao programa. “Meu objetivo com a circulação é aumentar a programação da minha iniciativa com artistas internacionais e mostrar o trabalho de artistas brasilienses, os quais, acredito, têm tudo para decolar”, conta.

Ele embarca para Cabo Verde em abril, empolgado com a oportunidade de levar ao continente africano a proposta de um festival que fomenta a música periférica. “Alguns países da África oferecem apoio a seus artistas por meio de políticas públicas, o que é maravilhoso para essa troca”, acredita. Em junho, o empresário segue para Cannes, na França. “O Midem é um clássico dos negócios para música”, define.

[Olho texto='”Meu objetivo com a circulação é aumentar a programação da minha iniciativa com artistas internacionais e mostrar o trabalho de artistas brasilienses, os quais, acredito, têm tudo para decolar”‘ assinatura=”Guilherme Tavares, produtor culturalesquerda

Em novembro de 2016, a primeira edição do Favela Sounds reuniu 15 mil pessoas em programação extensa que incluiu música, debates e oficinas. O festival contou com recursos do Fundo de Apoio à Cultura e via Lei de Incentivo à Cultura, além de patrocínio privado.

Os shows e os debates ocorreram no Complexo Cultural da República, enquanto as oficinas foram ministradas em Ceilândia, Planaltina, Recanto das Emas e São Sebastião.

No total, 70 artistas convidados participaram das atividades. Um deles era angolano, o DJ Ketchup, referência do kuduro e do afrohouse. “Em 2017, queremos trazer no mínimo um DJ e uma banda de fora do Brasil”, adianta Tavares. A segunda edição ocorrerá de 31 de julho a 5 de agosto. “Queremos proporcionar o contato entre periferias de todo o mundo”, planeja o produtor.

Outros eixos do Conexão Cultura DF

O investimento previsto no edital para atender as 35 propostas é de R$ 303.415,00. “É uma forma de garantir o acesso dos agentes culturais a tecnologias de produção artística e cultural, além de formar uma rede de negócios para os artistas do DF”, destaca a assessora especial em políticas culturais da Secretaria de Cultura, Daniela Diniz.

Ela defende que a cultura, como segmento econômico, precisa se expandir para outros mercados e aproveitar as boas práticas internacionais para trazer de volta experiências para avançar em alguns setores. “A importância política vai além do edital, como concessões de bolsas de estudo, exibições artísticas, pesquisa, residência e capacitação”, reforça, em referência aos eixos que integram o Conexão Cultura DF.

Políticas públicas desburocratizam o acesso a intercâmbio

A seleção de fomento ao mercado artístico foi aberta pela Secretaria de Cultura em dezembro e tinha como objetivo atender até 100 projetos. Para isso, era necessário ter cadastro de ente e agente (ceac) disponível, ou seja, não estar com nenhum outro processo em curso pela secretaria.

De acordo com a pasta, com a aprovação da Lei Orgânica de Cultura, que tramita na Câmara Legislativa, aumentará o acesso dos agentes do setor, uma vez que o texto desburocratiza o processo e permite que eles se inscrevam em projetos concomitantes.

Edição: Vannildo Mendes