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16/07/2017 às 14:40
Desde 1975, 68 animais da espécie nasceram na fundação. Local integra programa internacional de conservação do mamífero
A Fundação Jardim Zoológico de Brasília é referência na reprodução de ariranhas. Desde 1975, foram 68 nascimentos, com diversidade genética e saúde garantida aos animais. Neste ano, o zoo voltou a integrar o programa internacional de reprodução e conservação da espécie.
Dois funcionários da fundação são os responsáveis por reunir os dados referentes aos bichos cuidados em zoológicos do Brasil e assim ajudar a recuperar a população da espécie. Graças ao sucesso com as reproduções, todas as ariranhas em zoos no mundo têm algum traço genético daqui.
Atualmente, há apenas 10 ariranhas em instituições brasileiras, em cinco locais diferentes. Alguns indivíduos preocupam, pois já estão fora da idade de reproduzir ou têm parentesco entre si. O trabalho envolve pensar medidas para que novas reproduções sejam possíveis, com a maior variabilidade genética possível.
Ci é uma das 68 ariranhas que nasceram na fundação de Brasília. Filha de mãe também nascida no zoo e pai da Filadélfia, nos Estados Unidos, ela tem 15 anos e vive sozinha, mas já aguarda duas companheiras, de um zoológico da Alemanha, que devem chegar ainda em 2017.
A ideia é que um macho seja destacado em alguma parte do Brasil para reproduzir com uma das fêmeas, explica o assessor de Conservação e Pesquisa Igor Morais, um dos dois responsáveis pelo programa no País.
Na avaliação de Morais, um dos motivos para o sucesso do programa em Brasília é a forma como o recinto é construído. O solo é argiloso e imita o habitat delas na natureza, a beira dos rios.
Grande parte dos outros recintos espalhados pelo mundo é arenosa, o que impossibilita, por exemplo, a escavação por parte dos animais. “O Zoológico de Brasília é o único onde cavam tocas”, esclarece o assessor de Conservação.
Um dos motivos para o sucesso do programa em Brasília é que o solo é argiloso e imita o habitat das ariranhas na naturezaesquerda
Outro motivo é o cuidado com o manejo e a saúde. Uma vez por semana, Ci passa por condicionamento. Com um bastão e uma bolinha, a agente de Conservação e Pesquisa Marisa Carvalho estimula o toque, a aproximação e a entrada na caixa de transporte. A ariranha é premiada quando completa cada uma das atividades.
Esse treinamento é essencial para que o mamífero atenda a comandos dos funcionários e permita exames como a ultrassonografia.
Em 1980, Brasília chegou a enviar para a Alemanha ariranhas nascidas aqui. Com a chegada dos bichos lá, foram reproduzidos mais de 80 animais. No entanto, por falta de variabilidade genética, os filhotes tiveram problemas de saúde, e muitos acabaram morrendo.
Somente em 1969, segundo o assessor de Conservação e Pesquisa do zoo, foram registradas cerca de 500 mil caças às ariranhas para a retirada de pele. Atualmente, o mamífero aquático só é encontrado no Brasil na Amazônia, no Pantanal e em uma pequena parte do Cerrado.
Trata-se de um animal com hábitos diurnos e que vive em grupo. Em zoos espalhados pelo mundo, é considerado dócil. Em Brasília, existe um preconceito com a ariranha depois que um militar entrou no recinto dela para retirar uma criança e acabou mordido. Ele morreu com infecção hospitalar.
Edição: Marina Mercante