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14/08/2017 às 15:32, atualizado em 09/01/2018 às 20:58
Inaugurada nesta segunda (14), unidade na 508/509 Sul tem equipe multiprofissional para atender travestis e transgêneros. Atendimento começa em 21 de agosto
Transgêneros e travestis terão atenção à saúde redobrada no Distrito Federal. Inaugurado nesta segunda-feira (14), o Ambulatório Trans contará com equipe multiprofissional para garantir a essa população o acesso integral à saúde pública. O serviço, primeiro do DF, funcionará no Hospital Dia, da 508/509 Sul.
A unidade abrirá as portas para atendimento em 21 de agosto e contará com assistência em psicologia, psiquiatria, serviço social, endocrinologia e enfermagem. No entanto, a partir de amanhã, haverá atendimento para a formação dos grupos de acolhimento. Depois, a ideia é ampliar o atendimento para especialidades como ginecologia e urologia.
O governador Rodrigo Rollemberg, acompanhado da esposa, Márcia Rollemberg, participou da solenidade de inauguração. “Estamos dando mais um passo importante para uma Brasília cidadã. O que estamos fazendo hoje é um gesto de cidadania, tirando as pessoas da escuridão e colocando luzes sobre essa diversidade, que tem que ser reconhecida, respeitada e valorizada”, discursou o chefe do Executivo.
Para acessar os serviços, os interessados devem se dirigir à unidade de segunda a sexta-feira, das 7 horas ao meio-dia e das 14 às 16 horas, e agendar a participação nos grupos de entrada.
Os usuários do ambulatório serão encaminhados pelas unidades básicas de saúde, pelo Centro de Referência Especializado da Diversidade Sexual, Religiosa e Racial (Creas Diversidade), por busca espontânea ou por intermédio de grupo de entrada, que absorverá a demanda inicial, já quantificada em cerca de 200 pessoas.
Para viabilizar o serviço, foi criado um grupo de trabalho que atua desde agosto de 2016. Os integrantes do colegiado são:
Presente à inauguração, a decoradora de eventos Kyara Zaruti, mulher trans de 29 anos, considera a conquista muito importante para a vida e a saúde dos transgêneros. “Hoje, para termos acesso a um endocrinologista, é muito difícil, por isso várias pessoas começam a se medicar por conta própria.”
Ela conta que esperou seis meses por uma consulta com um especialista e disse que pretende transferir o acompanhamento para o ambulatório.
“É esse profissional que vai dar as recomendações dos hormônios que cada pessoa precisará tomar. Ele é a chave para todo o processo”, explicou, ao se referir à importância dessa especialidade médica para o público-alvo da unidade de saúde recém-inaugurada.
O Ambulatório Trans funcionará de segunda a sexta-feira, das 7 horas ao meio-dia e das 14 às 16 horasesquerda
O projeto é uma parceria das Secretarias de Saúde e do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. Conta ainda com apoio da Defensoria Pública do DF e de entidades da sociedade civil.
Segundo o secretário de Saúde, Humberto Fonseca, o ambulatório atende ao princípio de equidade determinado pelo Sistema Único de Saúde. “Ele atende às necessidades específicas dessas pessoas.”
Fonseca adiantou que em duas semanas será apresentada a linha de cuidados para pessoas trans, que deverá ser aprovada em consulta pública. A expectativa é que depois disso também haja a padronização dos medicamentos necessários.
Militante e uma das fundadoras da União Libertária de Travestis e Mulheres Transexuais, Melissa Massayury caracterizou a entrega como algo histórico. “A transição de gênero é o momento mais libertador na nossa vida, e poder contar com a hormonoterapia com uma equipe qualificada é fundamental”, disse. “Muitos ainda fazem esse tratamento de forma clandestina, e nós sabemos o quanto é perigoso.”
As políticas públicas específicas para esse grupo social estão previstas na Portaria nº 2.803 de novembro de 2013, do Ministério da Saúde.
Por meio do marco legal, foi definido e ampliado o processo transexualizador no Sistema Único de Saúde, prevendo a capacitação e sensibilização dos profissionais de saúde para lidar de forma humanizada com transexuais e travestis, tanto na atenção básica quanto na especializada, sem discriminação.
Durante o evento, o governador lembrou de algumas ações que o governo já fez em prol das minorias sociais, como:
“Muito em breve também estaremos lançando a identidade com o nome social. Isso já foi determinado à Polícia Civil”, adiantou.
Edição: Marina Mercante