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23/08/2017 às 08:56, atualizado em 23/08/2017 às 11:26
Objetivo é fazer diagnóstico completo do cultivo. A propriedade de Maria dos Anjos Silva, no Núcleo Rural Pipiripau, em Planaltina, foi uma das primeiras visitadas
A terceira edição da Expedição Safra-Brasília fará uma análise completa da cultura do maracujá no Distrito Federal. A ideia é coletar informações, por meio de questionários, sobre as técnicas adotadas pelos agricultores e o conhecimento agregado da atividade.
Para isso, equipes da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater-DF), da Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Cerrados) percorrerão 180 hectares de cultivo, em 126 propriedades.
O levantamento começa no Núcleo Rural Pipiripau, em Planaltina, e segue pelas demais regiões administrativas. Os dados serão armazenados em tablets, o que permitirá a avaliação mais rápida do conteúdo mapeado.
O gerente do escritório local da Emater, Geraldo Magela Gontijo, espera que o estudo traga benefícios à atividade. “O diagnóstico vai nos mostrar a real situação da área cultivada. Saberemos também o nível de tecnologia adotada e como ela está impactando a renda do produtor”, explica.
[Olho texto='”O diagnóstico vai mostrar a real situação da área cultivada. Saberemos o nível de tecnologia adotada e como ela está impactando a renda do produtor”‘ assinatura=”Geraldo Magela Gontijo, gerente do escritório da Emater em Planaltinaesquerda
Por meio da expedição, será possível também elaborar políticas públicas direcionadas para a produção da fruta.
A propriedade de Maria dos Anjos Silva, de 50 anos, no Núcleo Rural Pipiripau, foi uma das primeiras a serem visitadas pelos extensionistas e pesquisadores do projeto.
Há dez anos, ela cultiva maracujá na área e conta as peculiaridades do cultivo. “É serviço de domingo a domingo. Só trabalha com maracujá quem gosta, porque ele exige muita dedicação”, explica.
A expedição permite ainda obter mais elementos sobre o dia a dia dos agricultores. “As informações passadas pelos produtores vão nos permitir encontrar os gargalos da produção de maracujá”, explica Gontijo.
Com isso, será possível mapear práticas que favorecem a produtividade e a mão de obra envolvida na produção. “Aqui, estou me adequando para trabalhar sozinha. Não consigo manter funcionários para me ajudar”, explica Maria dos Anjos.
O maracujá aqui cultivado alcança produtividade muito superior à média nacional. Enquanto o DF produz 35 toneladas por hectare, o índice nacional é de 14 toneladas por hectare.
Isso se deve, principalmente, aos procedimentos adotados em Brasília, como irrigação localizada (gotejamento), polinização manual e plantio de híbridos produzidos pela Embrapa Cerrados.
[Olho texto='”É serviço de domingo a domingo. Só trabalha com maracujá quem gosta, porque ele exige muita dedicação”‘ assinatura=”Maria dos Anjos Silva, produtora de maracujá no Núcleo Rural Pipiripaudireita
No caso de Maria dos Anjos, a produtividade alcançada é de 40 toneladas por hectare ao ano. “Tinha os 2 hectares plantados, mas reduzi para 1,3 para conseguir cuidar sozinha da plantação”, explica.
Uma parte do que colhe ela destina à produção de polpa. “Vendo cerca de 70 quilos para meus clientes em Planaltina”, explica.
A polinização manual é feita pelo próprio produtor, geralmente à tarde. Isso porque a flor do maracujá abre apenas uma vez, no período das 14 às 18 horas. A polinização natural é feita pela abelha mamangava, cientificamente chamada de Bombus.
O inseto tem esse curto período do dia para polinizar a flor. Se isso não ocorrer, não há produção de fruto. “Com a polinização manual, alcança-se um índice de 68% de flores polinizadas”, compara Gontijo.
A produtividade elevada se deve também ao método de cultivo adensado, que estabelece o espaçamento de 2 ou 3 metros entre um pé da fruta e outro. “Com isso, conseguem-se de 2 mil a 2,5 mil plantas por hectare”, conta o gerente da Emater Pipiripau.
Os dados coletados pela expedição servirão de subsídio para a criação de um livro, a exemplo do que ocorreu com a Expedição Safra Brasília — Grãos, no ano passado. “É uma forma de darmos amplo acesso às informações que obtivermos”, conta Gontijo. A segunda edição do projeto foi a de cultivo protegido, no primeiro semestre deste ano.
Edição: Vannildo Mendes